Para alguns, o obstáculo a ser batido. Para outros, a salvação. Mesmo encarada de formas tão adversas, a verdade é que a redação é a grande protagonista do Exame Nacional do Ensino Médio pelo poder que ela exerce sobre a nota final dos candidatos.
– A diferença entre uma redação boa e uma mediana é enorme. Em um curso concorrido como o de Medicina, por exemplo, o aluno que fizer menos de 700 pontos na redação não tem chances de se classificar – afirma a professora do Unificado Luísa Canella.
Para além das questões objetivas das provas de Ciências Humanas, Ciências da Natureza, Linguagens e Matemática, reguladas pela Teoria de Resposta do Item (TRI), que leva em conta o grau de dificuldade das questões, o texto dissertativo-argumentativo oferece mil pontos que costumam ser decisivos para definir quem fica acima ou abaixo da linha de corte. As cinco notas do ENEM são utilizadas com pesos diferentes em cada curso das universidades adotantes do SISU como sistema de ingresso.
E para exemplificar o quanto é importante apresentá-lo bem resolvido, a professora lembra o caso de duas alunas, candidatas do curso de Medicina da UFCSPA via SISU. Na edição do exame em 2012, nas provas objetivas, usando os pesos adotados pela universidade para Medicina, uma teve média de 766,9, e a outra, de 775. Porém, após a divulgação das notas da redação, a candidata que até então tinha o menor escore ficou com a melhor colocação: 40 pontos a mais no teste escrito renderam a ela 797 de nota final, enquanto a outra obteve 796 pontos.
– Aí você pode me dizer “Ah, mas foi um pontinho só”. Mas acredite, entre o escore das duas existiam 10 candidatos. Muitos não levam a sério, mas uma vírgula fora do lugar, uma gíria ou um desvio gramatical podem deixar um candidato de fora do curso que ele quer. Isso fica ainda mais evidente quando ocorre em um dos cursos que dão peso maior para a redação do que para as outras provas .
Luísa Canella
Professora de Redação do Unificado
Preparação é o grande segredo A qualidade da redação está conectada à disciplina e ao preparo do estudante. Conhecer a estrutura pedida pelo Enem é, de acordo com os próprios alunos, relativamente fácil. O problema maior está em dispor em até 30 linhas uma opinião, um contexto e uma proposta de intervenção para os temas pedidos sem se perder no meio do caminho. Para transpor a dificuldade, Luísa aponta dois caminhos: o primeiro é o treinamento. Escrever sobre temas diversos, levando em conta a hipertextualidade, a gramática e a exposição da opinião de forma precisa – requisitos tão exigidos no exame.
– Alguns alunos sabem o que querem dizer, mas não conseguem colocar no papel. Isso vem da falta de prática. É por isso que aqui no Unificado a gente insiste em fazer, pelo menos, uma redação por semana. Assim cada aluno descobre o seu jeito próprio de escrever de forma natural. O treino também auxilia a lidar melhor com a ideia de que ele precisa relacionar algum dado histórico, geográfico ou obra literária para dar uma sustentação maior à dissertação – esclarece a professora. Autora de uma redação nota mil no Enem de 2016, Carolina Marson Dal Más lembra da intensidade do treinamento durante sua preparação no Unificado Med.
– Eu fazia uma redação por semana, participava dos simulados e frequentava os plantões. Ali, os professores liam o texto comigo e explicavam o que era bom e o que precisava melhorar – diz a estudante, que está no segundo semestre de Medicina.
O segundo caminho é garantir que todas as dúvidas estejam sanadas, o que é possível quando há individualidade no atendimento.
– É normal eles não entenderem os apontamentos feitos para corrigir as redações. Daí vem a necessidade de estarmos perto para indicar, um por um, quais são os acertos e os erros de cada texto. Aqui, essa aproximação não se dá apenas nos plantões e laboratórios de Redação e Português, mas também em aulas de outras matérias que são de grande importância para a construção de bons argumentos, como Atualidades, Literatura, História e Geografia, por exemplo – finaliza Luísa
Ela tirou nota mil
Carolina Marson Dal Más, 20 anos, está no segundo semestre de Medicina. Após estudar no Unificado Med, a futura médica – ela ainda não sabe se vai se especializar em ginecologia, cardiologia ou gastroenterologia – recebeu nota mil na redação do Enem de 2016. Uma apaixonada por leitura desde pequena, a estudante credita parte do seu sucesso no exame ao método individualizado de ensino do curso especial do Grupo Unificado.
Tive sorte de ter tido uma base muito boa no colégio, pois ele era muito voltado ao Enem, mas colegas que antes não sabiam nem por onde começar a escrever também foram muito bem.
Carolina Marson Dal Más
Nota mil no Enem 2016
O tema gabaritado por Carolina foi “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”. Para impressionar os avaliadores, usou argumentos estudados e discutidos nas aulas de História e Atualidades.
– Escrevi sobre a importância do Estado laico e fiz uma evolução histórica das religiões. Passei pelas novas religiões do Brasil, que surgem muito por causa da nossa diversidade cultural, e argumentei o quanto isso tornava a intolerância cada vez mais agressiva dentro da sociedade brasileira, que ainda é muito conservadora. Abordei também a importância do acesso à informação e do contato com essa diversidade para desenvolver um potencial crítico e argumentativo nas pessoas. Com as alegações resolvidas, bastou a estudante ser certeira no uso da gramática. E, para isso, as aulas de Português foram boa parte do foco durante os anos de estudo.
– O Português do Unificado Med me ajudou muito com a parte gramatical. Eu sabia que, se eu não errasse esse quesito, eu ia ter uma nota boa – finaliza.
Interação entre professor e aluno é mais que fundamental
A disciplina de Redação do Unificado é composta por aulas semanais e um cronograma que trabalha estrutura, elementos pontuais, comparação de textos e possíveis temas. Os estudantes entregam uma redação por semana – caso queiram, há a possibilidade de aumentar o número – e a recebem de volta com as correções após sete dias. Por entender que os alunos precisam de mais proximidade com o professor para esclarecer dúvidas específicas e que não conseguem ser tratadas no coletivo, o Unificado ainda oferece plantões com professores à disposição para conversar sobre erros e acertos.
– Às vezes, o aluno não entende quando uma palavra do texto dele está marcada como inadequada. É aí que vem a importância do atendimento personalizado que realizamos aqui – diz a professora de Redação Luísa Canella. Além dos plantões, ao longo do ano, ocorrem também os laboratórios de redação, atividades extras que reúnem grupos de até 15 alunos em uma espécie de oficina intensiva por três semanas.