O Senado avalia nesta terça-feira (8) o nome do diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, para a presidência da autarquia a partir de 2025 — a primeira troca de comando da autoridade monetária na era da autonomia operacional. A partir das 10h, o economista será sabatinado pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e, das 14h em diante, a indicação deve ser avaliada pelo plenário da Casa.
A expectativa é de que a segunda passagem de Galípolo pelo crivo do Senado seja tão tranquila quanto a primeira, quando foi indicado para a diretoria de Política Monetária. Desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou a indicação, no fim de agosto, o diretor fez um extenso "beija-mão" com ao menos 48 senadores alinhados ao governo e à oposição, mesmo diante do esvaziamento do Congresso por causa das eleições municipais.
O próprio presidente do BC, Roberto Campos Neto, entrou em campo e procurou senadores alinhados à oposição e ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, que o indicou, para avalizar a candidatura de Galípolo. Nesta segunda-feira (7), o ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que a avaliação sobre a recepção do Senado à indicação é "positiva".
A possibilidade de indicação de Galípolo ao comando do BC já preocupou o mercado, diante das reiteradas críticas de Lula à condução da política monetária e das inclinações heterodoxas da produção acadêmica do economista. Parte da desconfiança foi esclarecida desde agosto, quando ele, em diversos pronunciamentos públicos, assumiu o papel de arauto do aumento dos juros que começaria em setembro, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a Selic a 10,75%.
A aprovação do economista de 42 anos, ex-secretário-executivo da Fazenda, fará com que os indicados pelo governo Lula sejam maioria no Copom a partir de 1º de janeiro. Há dúvidas de que o BC aumentará a Selic o bastante para fazer a inflação convergir ao centro da meta, o que tem mantido a "desancoragem crônica" das expectativas.
Galípolo precisa da maioria dos votos na CAE e no plenário do Senado para ser confirmado como presidente do BC a partir de janeiro de 2025, após o término do mandato de Campos Neto, em 31 de dezembro deste ano. Da última vez que passou pela Casa, em 2023, quando foi indicado para a diretoria de Política Monetária, ele foi aprovado por 23 votos a 2 na sabatina e por 39 a 12 no pleno.