O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta terça-feira (29), que as conversas em torno da agenda de corte de gastos estão avançando e reiterou que não há veto do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, às medidas. Ele afirmou que a equipe econômica tem feito as contas para "fazer uma coisa ajustadinha".
— Ele (Lula) está pedindo informações e nós estamos fornecendo as informações que ele está pedindo —disse Haddad a jornalistas.
O ministro reforçou que terá novas reuniões com o chefe do Executivo nesta semana e evitou cravar uma data para divulgação do pacote relacionado aos gastos.
— Não tem uma data. Ele (Lula) que vai definir — afirmou.
Dólar sobe
A falta de novidades gerou reação no mercado. O dólar encerrou a terça-feira a R$ 5,7616 no segmento à vista, maior valor de fechamento desde 30 de março de 2021, quando fechou a R$ 5,7619, e com o real tendo o pior desempenho entre as principais moedas emergentes. Houve relatos de fluxo de saída e frustração de operadores pela ausência de medidas para corte de gastos do governo, prometidas para depois das eleições municipais.
O mercado também busca proteção antes de uma agenda carregada: relatório de emprego dos Estados Unidos (payroll) na sexta-feira, eleição americana na terça-feira e decisão do Federal Reserve (Fed, BC norte-americano) na quinta-feira que vem. O dia também foi de leve baixa para o petróleo e minério de ferro sem direção clara.
O diretor de câmbio da corretora Ourominas, Elson Gusmão, destaca a falta de anúncios do governo em relação ao fiscal:
— Era prometido para logo após as eleições municipais, já houve reunião ontem entre o ministro Fernando Haddad e o presidente Lula, mas ainda nada de concreto.
A economista-chefe da Armor Capital, Andréa Damico, afirma que o mercado pode ter se conscientizado de que talvez as medidas demorem um pouco mais para serem anunciadas do que se imaginava anteriormente.
— Acho que o Haddad deixou muito claro que não existe ainda nada de concreto em relação a números — afirma.
Número só depois da decisão, diz ministro
Questionado sobre a estimativa de corte de despesas em torno de R$ 30 bilhões a R$ 50 bilhões, Fernando Haddad disse que não sabe de onde saiu esse número.
— Eu nunca divulguei o número para vocês. Eu não divulgo o número. Porque o número sai depois da decisão tomada — afirmou.
O ministro da Fazenda ainda teve nesta tarde reunião com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), que o próprio Alckmin comanda. O tema do encontro não foi divulgado.