A primeira remessa da doação de mil toneladas de proteínas da JBS aos afetados pela enchente chegou nesta segunda-feira (3) ao Rio Grande do Sul. Foram 700 quilos de carne de frango descarregados nesta leva, ou quase a totalidade da doação que deve incluir ainda cortes bovino e suíno para as populações atingidas.
A entrega foi feita na cozinha comunitária do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), abrigada na sede do Sindicato dos Petroleiros do RS (Sindipetro-RS), em Canoas. O município da Região Metropolitana teve dois terços de sua área inundados pela água.
As carnes servirão de complemento para a alimentação das famílias afetadas pela enchente. A expectativa é de que as doações abasteçam 590 cozinhas solidárias que operam no Estado.
A iniciativa de viabilizar o fornecimento das proteínas foi anunciada na semana passada, após reunião do presidente Lula e o ministro da Agricultura e Pecuária Carlos Fávaro com empresários do setor de proteína animal. Ao todo, duas mil toneladas de carnes serão cedidas pelas companhias ao RS, mil delas somente da JBS.
Gilberto Tomazoni, CEO global da gigante de alimentos, destacou o trabalho das cozinhas comunitárias e disse que a ação permite contribuir para que os voluntários consigam manter o suporte aos atingidos neste momento mais crítico.
— Quem agradece somos nós pela oportunidade de poder ajudar. Estamos aqui para apoiar todo mundo que está nesta missão e queremos ajudar da melhor maneira possível — disse Tomazoni.
Representando o governo federal na entrega, o ministro da Reconstrução, Paulo Pimenta, falou da importância de se olhar para as pessoas que mais precisam e disse que a iniciativa, abraçada com força pela JBS, deve ser seguida por outros empresas.
— É um momento em que a gente consegue perceber a capacidade de resposta. O trabalho dos voluntários é pesado e difícil, mas tem sido importante para garantir, muitas vezes, a única refeição de quem saiu de casa só com a roupa do corpo — disse Pimenta.
Relevância econômica
Com operações em 20 municípios do Rio Grande do Sul, a JBS emprega 17 mil trabalhadores no Estado. Três unidades também foram afetadas pela água: a de Roca Sales, que está operando parcialmente, e as de Bom Retiro e Montenegro, que já voltaram a operar.
Mesmo com os danos, o CEO da JBS reforçou que os empregos da companhia estão mantidos no Estado. Não apenas foram assegurados, como outras mil vagas foram abertas em 12 plantas gaúchas.
A JBS já havia antecipado o 13º salário de funcionários como medida de amparo econômico. Segundo a empresa, a antecipação representou injeção de cerca de R$ 30 milhões na economia local.
— Esses números mostram a relevância que o Estado tem para a companhia. Estamos desde o princípio ajudando, distribuindo água, colchões, cobertores, cestas básicas. Queremos não só ajudar no agora, mas também no depois, e para isso sabemos que o emprego é muito relevante — disse Tomazoni.
A empresa também colocou sua estrutura logística à disposição. As dificuldades de transporte fazem com que muitos alimentos perecíveis não cheguem às pessoas.
Reforço no prato
A cozinha solidária do MAB em Canoas é responsável por fornecer cerca de mil marmitas diárias para os afetados pela enchente na região. Ao todo, são quatro cozinhas coordenadas pelo movimento no Rio Grande do Sul, atendendo a milhares de pessoas.
Cerca de 40 pessoas estão envolvidas na força-tarefa montada na sede do Sindipetro. O trabalho é enorme, destaca a coordenadora nacional do MAB, Alexania Rossato. Segundo ela, a carga extra de proteína permitirá ampliar a produção, já que a demanda por alimentos segue grande. A estimativa é de que as toneladas doadas rendam mais de 6 milhões de refeições.
— Essa doação é extraordinária e muito importante para continuar mantendo o nível de produção. Nos dá energia para consegue amparar essas pessoas por mais tempo — disse Alexania.
Nalva Falero, diretora do Sindipetro-RS, complementou os agradecimentos, afirmando que a doação alivia a demanda imediata de alimentos que os gaúchos estão mais precisando:
— Agrademos por este ato de solidariedade, por permitir dar continuidade ao projeto da cozinha solidária.