Dados divulgados nesta sexta-feira (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que o Brasil tem caminhado para diminuir as desigualdades de renda em alguns aspectos sociais, mas aumentado em outros. Enquanto entre classes econômicas e gêneros a diferença de rendimento diminuiu na maioria dos Estados, o oposto é visto quando a questão é cor ou raça.
No Rio Grande do Sul, os números, obtidos através da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), mostram melhora do cenário de todos os três aspectos analisados.
Desigualdade social nos últimos 10 anos no Brasil
Uma das ferramentas utilizadas para avaliar a desigualdade social é o Índice de Gini. Ele vai do um ao zero e serve para medir o grau de concentração de renda em determinado grupo. Quanto mais próximo do número um, mais desigual é a distribuição de renda.
Os cinco menores Índices de Gini em 2023:
- Santa Catarina: 0,418
- Mato Grosso: 0,452
- Rondônia: 0,455
- Paraná: 0,463
- Rio Grande do Sul: 0,466
Ao longo dos últimos 10 anos, 18 Estados tiveram melhoras no seu Índice de Gini. Pernambuco foi o que obteve a maior redução da desigualdade social, sendo o único com uma queda de mais de 0,05 ponto. Em 2014, PE apresentava um índice de 0,566. Já em 2023 o valor caiu para 0,496, reduzindo 0,07.
Já em outros nove Estados houve aumento da desigualdade ao longo do período. No Sul, o único Estado que teve aumento da desigualdade social em 10 anos foi Santa Catarina, que saiu de 0,408 para 0,418. O Estado que teve o maior aumento foi o Piauí, que saiu de 0,516, em 2014, para 0,552, em 2023, ou seja, um aumento de 0,036.
Nesse mesmo período, o Rio Grande do Sul teve uma redução de 0,013 no Índice de Gini. O Estado saiu de 0,479, em 2014, para 0,466, em 2023. Em nenhum dos últimos anos, no entanto, Estado deixou de estar entre os 10 menos desiguais do país.
Brancos, pretos e pardos
Nos últimos 10 anos de PNAD Contínua, o rendimento médio mensal real da população preta caiu em 15 Estados, da branca em 10 e da parda em oito. A maior queda de rendimento registrada foi a da população branca de Pernambuco, que saiu de R$ 3.478, em 2014, para R$ 2.463, em 2023, ou seja, uma renda R$ 1.015 menor.
Por outro lado, o maior crescimento de renda registrado no período também foi da população branca. No Piauí, a renda dos brancos saiu de R$ 2.322 para R$ 3.536, um acréscimo de R$ 1.214. Enquanto isso, o maior crescimento de renda registrado entre os pretos foi de R$ 744, no Mato Grosso, e da população parda foi de R$ 367 no Piauí.
Diferença do rendimento
Já a diferença de rendimento entre a população branca e preta diminuiu em apenas 10 Estados, sendo o RS um deles. Há 10 anos, o rendimento da população branca era R$ 1.515 maior do que a negra no Estado. Em 2023, a diferença caiu para R$ 1.182, o que representa uma queda de R$ 233.
A maior diferença de rendimento entre as duas cores e/ou raças foi registrada no Distrito Federal, onde a população branca chega a receber R$ 3.384 a mais do que a negra. A menor diferença entre os rendimentos foi registrado no Amapá. Lá a população branca tem rendimento R$ 616 maior do que a negra.
Homens e mulheres
Outro fator de desigualdade social que pode ser analisado através dos dados da PNAD Contínua é a diferença de rendimento entre homens e mulheres. Em 2023, eles chegaram a ter um rendimento de R$ 1.644 a mais do que elas, diferença que foi encontrada no DF.
O Estado com a menor diferença de rendimento entre os dois gêneros é o Acre, onde os homens possuem uma renda média mensal apenas R$ 73 maior que as mulheres. Apenas no Amapá foi registrada a situação inversa do restante do país. Lá, o maior rendimento em 2023 é delas, que é de R$ 2.967, enquanto o deles é de R$ 2.724, uma diferença de R$ 243 a mais para as mulheres.
Os dados também revelam que houve uma melhora no cenário ao longo dos últimos 10 anos. Nesse período, 19 Estados diminuíram a diferença de rendimento entre homens e mulheres. O RS está entre os cinco Estados que mais reduziram essa diferença. Em 2014, o rendimento dos gaúchos era R$ 1.125 maior que o das gaúchas. Em 2023 essa diferença caiu para R$ 791, ou seja, uma queda de R$ 334.