O Rio Grande do Sul teve a quarta maior renda domiciliar per capita do país, em 2023. O valor de R$ 2.255, verificado no ano passado, supera em R$ 407 a média nacional, que ficou em R$ 1.848, após alta de 11,46% sobre 2022. É o que apontam os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgados nesta sexta-feira (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No Estado, o avanço da renda domiciliar per capita, em igual período, foi mais contido, de apenas 6,3% sobre os R$ 2.121 apurados em 2022. Foi o que determinou a perda da terceira colocação no ranking para o Rio de Janeiro, onde a média dos ganhos mensais subiu 14,7% — de R$ 2.009 para R$ 2.305
Por outro lado, em 2023, o RS atingiu a marca de 70,3% da população com algum tipo de renda. É a primeira vez desde 2012 que esse percentual é alcançado no país. São mais de 7 milhões de gaúchos com rendimentos mensais, a proporção mais alta entre as Unidades da Federação. A mais baixa fica no Acre, onde somente 51,5% dos moradores, pouco mais da metade, contam com rendimentos. No país, a média é de 64,9%.
Um dos fatores justificam o desempenho é o aspecto etário da população. Como há número maior de adultos no Estado, existe um percentual mais elevado de pessoas no mercado de trabalho, explica o pesquisador do IBGE e coordenador da pesquisa no RS, Walter Rodrigues. Além disso, a quantidade de pessoas com idade de aposentadoria influencia os dados do RS.
Esse panorama também garante aos gaúchos o quarto maior rendimento médio mensal real de todas as fontes, com R$ 3.208, atrás de Distrito Federal São Paulo e Rio de Janeiro, mas bastante acima dos R$ 2.846 apurados no país. Diferentemente da renda domiciliar, esse indicador considera os ganhos de cada pessoa e não entre os moradores da mesma residência.
— Como por aqui não existe uma quantidade tão elevada de pessoas que recebem os benefícios sociais, na população gaúcha o alto rendimento médio de todas as fontes faz com que o Estado suba em razão dos rendimentos vinculados às aposentadorias. Ou seja, temos um percentual elevado de pessoas idosas e que se aposentaram com rendimentos um pouco mais elevados – comenta o pesquisador do IBGE.
Parcela 1% mais rica da população gaúcha tem renda 36 vezes superior aos 40% mais pobres
De acordo com a PNAD, no país mais de 140 milhões de pessoas possuíam algum tipo de rendimento. A Região Sul (68,8%) apresentou a maior estimativa em todos os anos da série histórica, enquanto as Regiões Norte (57,8%) e Nordeste (60,8%), as menores.
Na passagem entre 2022 e 2023, os dados apontam para um aumento da parcela dos brasileiros com rendimentos provenientes do trabalho. Segundo o coordenador do Data Social da PUCRS, André Salata, trata-se de uma tendência verificada desde 2021, após a queda de 2020, por fatores ligados à pandemia.
—Em geral, há um aumento da renda com a manutenção das desigualdade. Isso porque o que compensa a renda do trabalho são os programas sociais na base da pirâmide. Mesmo as faixas que estão no meio da pirâmide tiveram 10% de aumento. Os de baixo um pouco mais e são os mais afetados pela renda do bolsa família — comenta em referência ao fato de que o rendimento mensal da parcela da população 1% mais rica ter ficado 40 vezes maior do que o observado entre os 40% mais pobres. No RS, essa relação fica em 36 vezes.
Desigualdade
No mesmo grupo, dos 40% que possuem os menores ganhos, o RS tem o segundo maior rendimento real mensal do país, com R$776, atrás de Santa Catarina, com R$ 889. Isso ocorre mesmo que o Estado ocupe a penúltima posição na quantidade de lares que rebem aulgum tipo de auxílios do governo, com 8,6%. No Brasil, a média nessa faixa fica em R$ 527.
O resultado do RS Estado, em 2023, é fruto do avanço de 6,6% sobre os R$ 728 de 2022. Também supera o patamar anterior a pandemia, em 2019, quando era de R$ 756.
Por isso, André Salata destaca o aumento da proporção de domicílios recebendo outros rendimentos. É nessa categoria que estão os programas sociais de transferência, como o Bolsa Família. Nas Regiões Norte e Nordeste, essa proporção supera a de pessoas com aposentadorias e pensões. O movimento oposto ocorre nos Estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste.