O conglomerado Stellantis, que reúne marcas automotivas como Fiat, Jeep e Peugeot, revelou na quarta-feira (6) um plano de investimento de R$ 30 bilhões até 2030 para lançar novos produtos, abrangendo motores e veículos, e para atualizar seu portfólio existente. Isso inclui a introdução da produção nacional de seus primeiros carros híbridos.
No entanto, esse valor é apenas parte de um investimento bilionário que representa uma nova fase de aportes das montadoras no Brasil, incluindo as chinesas que estão explorando o mercado de veículos elétricos.
Especialistas apontam que está em andamento no Brasil uma competição para a fabricação de veículos híbridos, incluindo aqueles que utilizam etanol (conhecidos como híbridos flex), um combustível mais limpo. Isso ocorre antes que as montadoras migrem completamente para a eletrificação.
De acordo com um levantamento da Anfavea, que representa as empresas do setor automotivo no Brasil, os investimentos devem chegar a R$ 117 bilhões até 2030. Além do grupo Stellantis, outras empresas do setor que também divulgaram investimentos no país incluem: Volkswagen, General Motors, BYD, GWM, Toyota, Hyundai, Caoa, Renault e Nissan.
Alckmin pede apoio a propostas do setor automotivo
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, ao participar, na quarta-feira, de evento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), promovido para a entidade entregar ao ministro série de proposições do setor ao Executivo e Legislativo, falou sobre o momento da indústria automotiva no país.
— Hoje fechamos R$ 97,3 bilhões de investimentos só na indústria automotiva. E com o marco de garantias, teremos o crédito do carro mais barato — disse Alckmin.
O ministro também aproveitou a cerimônia para voltar a pedir apoio a três propostas de sua pasta no Congresso. Entre elas, a medida provisória que cria o Mover, programa para a indústria automotiva que ajudou a impulsionar os planos de investimento das montadoras.
Alckmin voltou a citar o projeto de lei que prevê a depreciação superacelerada para incentivar a renovação de maquinário pela indústria, além da proposta de criação de uma Letra de Crédito do Desenvolvimento (LCD), objeto de um PL enviado pelo governo ao Congresso no fim do ano passado.
Veja a seguir os principais planos das montadoras no Brasil
O plano de investimentos da Stellantis se destaca como o maior entre as montadoras que recentemente anunciaram seus aportes, sendo o dobro do ciclo anterior da própria empresa.
A Stellantis descreveu esse montante como o maior investimento já feito na história da indústria automotiva sul-americana. O anúncio ocorreu em Brasília, após uma reunião de executivos da empresa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, incluindo Carlos Tavares, CEO global da montadora, que veio ao país especialmente para divulgar esse valor.
Uma parte significativa dos fundos será direcionada para os modelos híbridos-flex, que são carros elétricos movidos tanto a gasolina quanto a etanol. O primeiro lançamento está previsto para o segundo semestre deste ano.
A Stellantis tem operações de produção em Betim (MG), Porto Real (RJ) e Goiana (PE). O Polo Automotivo Stellantis em Betim é reconhecido como o centro global da empresa para o desenvolvimento da tecnologia Bio-Hybrid, que combina eletrificação com o uso de etanol. A empresa explicou que essa tecnologia é versátil e pode ser incorporada a vários modelos fabricados pela Stellantis.
O novo plano de investimentos contempla 40 lançamentos programados entre 2025 e 2030, incluindo modelos renovados e completamente novos. Além disso, está prevista a introdução de oito novos powertrains, responsáveis pelo movimento do veículo, e investimentos em eletrificação.
Na terça-feira (6), a montadora japonesa anunciou um investimento de R$ 11 bilhões até 2030. O plano envolve a ampliação da produção em Sorocaba e o fechamento da unidade de Indaiatuba, em São Paulo.
A montadora coreana anunciou um investimento de R$ 5,5 bilhões até 2032 em sua fábrica localizada em Piracicaba, São Paulo, com foco em tecnologia e hidrogênio verde.
A montadora alemã planeja investir R$ 16 bilhões, sendo R$ 9 bilhões em recursos novos até 2028. O principal foco será em eficiência energética, com ênfase na produção de carros híbridos no país. Está previsto que quatro novos modelos sejam fabricados no Brasil até 2028.
A empresa americana responsável pela marca Chevrolet revelou um investimento de R$ 7 bilhões no país até 2028. Esses recursos serão direcionados para impulsionar a mobilidade sustentável, incluindo a renovação do portfólio de veículos e o desenvolvimento de novas tecnologias, com ênfase em carros híbridos, elétricos e movidos a hidrogênio verde.
A montadora chinesa planeja investir R$ 3 bilhões no país. Ela estabelecerá operações em três fábricas localizadas no Complexo de Camaçari, na Bahia, que terá uma capacidade inicial de produção de 150 mil carros por ano. Este complexo será a primeira fábrica de automóveis da empresa fora da Ásia.
No ano passado, a empresa chinesa anunciou um investimento de R$ 10 bilhões ao longo de uma década no país. Ela planeja iniciar esse investimento com um aporte inicial de R$ 4 bilhões para estabelecer sua produção local no segundo semestre deste ano, na fábrica localizada na cidade de Iracemápolis, no interior de São Paulo.
Os investimentos englobam a aquisição da fábrica, o estabelecimento de uma rede de concessionárias e a contratação de profissionais especializados.
A empresa anunciou investimentos totalizando R$ 4,5 bilhões para o período de 2021 a 2027. Além disso, recentemente, divulgou um novo acordo de importação e produção em parceria com a Hyundai.
A empresa planeja investir R$ 5,1 bilhões no período de 2021 a 2027.
A marca japonesa planeja investir R$ 2,8 bilhões no Brasil entre 2023 e 2025, com R$ 1,5 bilhão desses recursos sendo destinados para a fábrica de Resende, localizada no interior do Estado do Rio de Janeiro.