Influenciada pela alta no grupo de alimentação, a inflação oficial do país voltou a acelerar em novembro. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançou 0,28% no 11º mês do ano. Mesmo em alta, a pisada no acelerador foi moderada ante o mês imediatamente anterior, quando subiu 0,24%. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na manhã desta terça-feira (12).
Com a atualização de novembro, o índice acumula alta de 4,04% no ano. Em 12 meses, o número chega a 4,68%.
Com isso, o indicador segue abaixo do limite traçado para 2023. A meta central de inflação deste ano é de 3,25%, e será considerada formalmente cumprida se o índice oscilar entre 1,75% e 4,75%. Em novembro do ano passado, a variação ficou na casa dos 0,41%.
Seis dos nove grupos pesquisados pelo IPCA apresentaram alta em novembro. O destaque fica por conta de alimentação e bebidas, que apresentou salto de 0,63% e o maior impacto (0,13 p.p.). O IBGE atribui o movimento aos efeitos do clima e do tempo no campo.
— As temperaturas mais altas e o maior volume de chuva em diversas regiões do país são fatores que influenciam a colheita de alimentos, principalmente os mais sensíveis ao clima, como é o caso dos tubérculos, dos legumes e das hortaliças — explica o gerente da pesquisa, André Almeida.
O instituto aponta que as altas em itens como cebola (26,59%), batata-inglesa (8,83%), arroz (3,63%) e carnes (1,37%) pressionaram a variação de 0,75% do subgrupo alimentação no domicílio. Na outra ponta, entre as quedas, tomate (-6,69%), cenoura (-5,66%) e leite longa vida (-0,58%) são os destaques.
Efeito no juro
O economista André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), afirma que a inflação de novembro veio abaixo das expectativas de mercado. Braz cita que a alta nos alimentos é temporária e ocorre diante de efeitos sazonais. O especialista afirma que o resultado de novembro reforça a estimativa de o indicador fechar dentro do espaço da meta neste ano:
— A inflação segue em desaceleração, foi uma ótima notícia e mostra que ela pode fechar 2023 abaixo das expectativas. Tenho uma projeção de fechar o ano em 4,4%.
Braz afirma que esse cenário deixa a autoridade monetária confortável para seguir com o ciclo de cortes na taxa básica de juro. No entanto, alguns fatores mantêm ambiente de cautela para o próximo ano, segundo Braz:
— Existem riscos no radar, como El Niño e a dívida pública. Mas o ciclo de cortes deve continuar. Na próxima reunião será 0,5 ponto percentual.
Braz afirma que o índice de difusão, que mostra o porcentual de itens com aumento de preços, segue estável. Isso é outro bom sinal sobre a situação da inflação, segundo o economista.
Reunido desde esta terça-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) deve realiza novo corte na Selic na quarta-feira (13). Caso as estimativas do mercado se confirmem, a taxa deverá recuar dos atuais 12,25% para 11,75% ao ano.
O economista-chefe da agência de classificação de risco Austin Rating, Alex Agostini, afirma que o comportamento da inflação fortalece o Banco Central, a independência da instituição e o plano de voo para novas reduções na Selic:
— Abre para 2024 uma confiança ainda maior na instituição e aquela queda de juro esperada de meio ponto percentual a cada reunião vai continuar pelo menos até junho do ano que vem. Essa é a projeção da Austin Rating.
Grande Porto Alegre
A região metropolitana de Porto Alegre apresentou movimento mais acentuado na comparação com a média nacional. Na Grande Porto Alegre, o IPCA avançou 0,34% em novembro.