Criada pelo dentista Sáiron de Quadros, 42 anos, a Marfinn é uma clínica odontológica localizada no bairro Jardim Vila Nova, em Porto Alegre. Do time de oito profissionais que atuam no empreendimento, sete são negros. O objetivo é claro: promover saúde bucal sem esquecer da representatividade e da diversidade.
– Temos um acolhimento diferenciado, porque a maioria das pessoas na periferia é não branca. E, assim, elas conseguem se ver na gente – destaca.
Sob o ponto de vista da diversidade, a Marffin tenta vencer os desafios de uma área profissional que impõem barreiras aos que têm menos oportunidades.
– Fui bolsista e quando cheguei (à universidade) a secretária me disse que o curso ocorria em período integral. Ali, entendi por que muitos não conseguem. Como fazer um curso que não te permite trabalhar? Sem contar que todo o material exigido é muito caro – recorda.
Esse era apenas o primeiro ponto crítico de muitos que viriam. A falta de referências, de uma orientação sobre como precificar o trabalho, se comportar e até empreender eram lacunas na formação dele:
É a primeira vez que conseguirmos ter esse alcance. Não caiu a ficha, porque tivemos que passar pelo crivo de pessoas extremamente qualificadas. Fomos escolhidos pelo nosso negócio, não só por sermos pretos e da favela. Temos futuro e estamos no caminho certo.
SÁIRON DE QUADROS
Fundador da Marffin
– Veio disso a virada de chave: quantos outros “Sáirons” têm a mesma dificuldade e precisam de um ambiente mais acolhedor?
A reflexão deu origem ao projeto que propõe uma trilha para dentistas negros recém-formados. A ideia consiste em oferecer mentorias, a partir das próprias experiências de Sáiron, e suporte estrutural para os profissionais se firmarem. É assim que ele espera ajudar colegas a prosperarem em uma profissão que, até então, tem poucos semelhantes.
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*Produção: Guilherme Jacques