É do que se conhece como lixo que nascem os personagens criados pela artista plástica Mariane Tavares, 26 anos. Mariri, como se apresenta profissionalmente, parte da reutilização de resíduos para criar máscaras. Todas elas, com um significado.
Autodeclarada mulher preta, moradora da Vila Resistência, em Santa Maria, ela conta que foi criada por uma mãe solo, branca. E nunca teve contato com as origens paternas, embora não tenha deixado de refletir sobre o assunto. Profissionalmente, inclusive.
– As máscaras, para além de um personagem, têm o objetivo de trazer elementos simbólicos, que contem uma história. Quero levar uma mensagem através das artes, resgatar uma memória, dar um sentido ligado à ancestralidade – pontua.
O outro lado da face das máscaras criadas por Mariri tem relação com o meio ambiente. É que ela chegou a cursar parte da faculdade de biologia. Não prosseguiu porque não tinha na área a oportunidade de se expressar como desejava. Pôde fazer isso apenas através da arte. E daí para o empreendedorismo foi questão de tempo.
Durmo e acordo pensando que preciso levar minha mensagem para o mundo. Então, o sentimento é de gratidão por ter sido escolhida e ver as pessoas torcendo por isso.
MARIANE TAVARES
Criadora da marca Mariri
– As primeiras eu vendia por um valor super simbólico. Meus amigos me ajudaram a difundir e foi tomando forma. Comecei a mandar obras para outras cidades e estados e fui podendo investir, comprar mais ferramentas – relembra.
A seleção para a edição nacional da Expofavela veio de forma inesperada para ela que atua em um coletivo de arte periférica e decidiu participar por curiosidade.
– Não tinha a intenção (de me classificar). Foi uma surpresa, porque, mais que empreendedorismo, sempre entendi minha arte como instrumento de transformação de mundo – conclui.
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*Produção: Guilherme Jacques