A Corsan decidiu não repor os 1,9 mil funcionários que já se demitiram ou que encaminharam o processo de desligamento. A companhia prevê um aumento de eficiência, garantindo, assim, a qualidade do serviço.
Os pedidos de demissão de funcionários da Corsan, desde que ela foi privatizada, representam uma redução de quadro de cerca de 34,5%. Antes da privatização eram 5,5 mil funcionários.
A projeção de aumento de efetividade com redução de quadro funcional foi feita por Leandro Marin, vice-presidente de Operações da Aegea Saneamento (empresa que adquiriu a estatal).
— A ideia é não repor (as demissões). É ficar com o remanescente e ganhar eficiência. Não é preciso manter todos que estavam — apontou Marin, durante o encontro com jornalistas promovido pela Aegea no Rio de Janeiro.
Os pedidos de demissão na companhia ocorrem na esteira de um acordo — mediado pela Justiça do Trabalho — que garantiu estabilidade de 18 meses para os funcionários da Corsan.
Assim, quem pede demissão recebe, além da rescisão, os valores correspondentes ao período que resta de estabilidade – contada a partir de julho de 2023, quando foi assinado o contrato de venda da estatal.
Para evitar que os processos internos sejam prejudicados, a Corsan está concluindo, gradualmente, os pedidos de demissão. Até segunda-feira (2), segundo a companhia, foram efetivadas 860 demissões.
Principal investimento será em tratamento de esgoto
Com uma rede de abastecimento de água consolidada nos municípios nos quais atua, a Corsan tem como maior desafio avançar no tratamento de esgoto.
Dados da Corsan de julho de 2023 indicam que, na área de atuação da companhia, a entrega de água potável atinge 97% da população em áreas urbanas. Já o acesso a redes de esgoto, na área da Corsan, é de 19,8%.
O marco legal do saneamento prevê que as empresas atinjam, até 2033, 90% de cobertura do tratamento de esgoto e 99% de fornecimento de água. A previsão da Aegea é investir R$ 15 bilhões em 10 anos para atingir a meta.
— Vamos construir 300 novas estações de tratamento de esgoto no período — destacou o vice-presidente da Aegea.
A estratégia pensada pela Aegea para viabilizar as obras necessárias passa pela atração de investimento internacional.
— Deve ser investimento do mercado de capitais, principalmente de fora, com bonds (títulos negociados no Exterior) — estimou o CEO da Aegea, Radamés Casseb, no mesmo encontro com jornalistas.
O executivo da Aegea também afirmou que o imbróglio judicial sobre a privatização da Corsan não adia ou prejudica a captação de recursos.
O leilão da estatal está em julgamento na Primeira Câmara do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Os três conselheiros da Primeira Câmara já votaram, formando maioria na Primeira Câmara do TCE-RS pela irregularidade e anulação do leilão. Contudo, há possibilidade de recurso à própria corte de contas.
*Viagem ao RJ realizada a convite da Aegea