Ao começar a assinar as rescisões dos primeiros 500 funcionários demitidos em plano de desligamento voluntário, a Corsan acabou acionando a polícia (veja boletim de ocorrência abaixo) e a Ordem dos Advogados do Brasil contra a atuação de advogados.
Conforme a presidente da companhia, Samanta Takimi, as medidas foram tomadas porque, além do acompanhamento usual do sindicato da categoria nos desligamentos feitos a partir da quinta-feira (25), houve "articulação para captação de novas ações trabalhistas":
— Os advogados da Corsan identificaram essa atuação e rapidamente buscaram agir para evitar que isso ocorresse.
A nova controladora da Corsan, a Aegea, aceitou um acordo de estabilidade de 18 meses para os funcionários da ex-estatal. Há algumas semanas, informou os empregados que poderiam pedir demissão usando esse benefício. Assim, quem sai agora recebe os valores normais de rescisão mais cerca de 17 salários. Acabou recebendo 1,5 mil pedidos de demissão das cerca de 5,5 mil pessoas que trabalham na Corsan.
— Infelizmente, é uma conduta inadequada, que fere o ajuste que foi defendido na Justiça do Trabalho pelo próprio sindicato. É uma situação grave, que busca criar uma indústria de ações trabalhistas e destoa da boa relação que se travou com o sindicato e gerou direito aos empregados, com indenização substitutiva — afirma Takimi.
No dia 11 de agosto, depois da publicação da nota sobre as demissões na coluna, o Sindiágua publicou nota em que afirmava "assinado o Acordo que prevê uma estabilidade de 18 meses, ou uma indenização compensatória do período, a Aegea nitidamente incentivou o afastamento dos trabalhadores. Com poucos dias de assunção da gestão precária, publicou resolução revogando todos os direitos dos trabalhadores, conquistados em décadas de luta, sinalizando que os novos donos partem do zero. Depois, publicou estimativas do valor de indenização em média 30% mais altas que o valor real".
A coluna aguarda retorno do sindicato sobre as providências tomadas pela Corsan.