As obras de uma usina que vai aproveitar resíduos industriais para a produção de biometano, fertilizantes e gás carbônico (CO2) tiveram início na tarde desta quarta-feira (30) em uma área de 10 hectares em Triunfo, na Região Metropolitana. Com investimento inicial de R$ 200 milhões, a planta da Bioo terá capacidade de transformar 600 toneladas de lixo em 30 mil metros cúbicos de biocombustível no início das operações, previstas para o final de 2024.
Um dos diferenciais é que o projeto nasce com destinação para energia renovável, já contratada pela Sulgás. A parceria nasceu de edital público, lançado quando a companhia de gás ainda era estatal do governo gaúcho, mas a assinatura aconteceu somente após a conclusão do processo de privatização.
CEO da Sulgás, Marcelo Leite informa que tubulação de cerca de cinco quilômetros, com aportes estimados em R$ 10 milhões, irá conectar a produção da nova usina à rede de gasodutos gerida pela Sulgás, de onde será distribuído aos clientes da empresa.
— Temos interesse em expandir o biometano e olhamos vários projetos que podem convergir para isso — comenta.
Para o governador Eduardo Leite, a iniciativa ocorre na esteira de esforço do governo que começa ainda em 2016, na gestão de José Sartori, com o lançamento da política do biogás. A partir disso, acrescenta, foi possível estabelecer as bases para aquisição de gás proveniente do tratamento de resíduos.
O empreendimento se tornou possível com a junção do conhecimento técnico da Sebigas Cótica (que atua por décadas com o desenvolvimento de negócios ambientais, com plantas contratadas pela Raizen, uma das gigantes do setor) e de aportes da eB Capital, gestora de investimentos alternativos, administrada pelo ex-ministro da Casa Civil Pedro Parente, que já esteve à frente da Petrobras e da Bunge Fertilizantes, e o empresário Eduardo Sirotsky Melzer.
Parente explica que a eB Capital busca investir em projetos que tenham dimensão ligada com as novas tendências globais. Negócios que envolvam clima, água, sustentabilidade, energia e economia circular estão constantemente no radar. O mercado de transição energética no Brasil representa mais de R$ 130 bilhões em investimentos mapeados para os próximos cinco anos, diz:
— Estudamos a tese por dois anos e, nesse processo, nos deparamos com os principais players e foi o que aconteceu. A Sebigas Cótica tem larga experiência e a tecnologia necessária para construirmos a Bioo.
Empregos
CEO da eB Capital, Eduardo Sirotsky Melzer lembra que a primeira fase tem potencial para geração de 300 empregos e antecipa que essa é a primeira usina de outras duas que serão construídas posteriormente e integralizam investimentos de R$ 600 milhões da gestora no setor.
Maurício Cótica, diretor-executivo da Sebigas Cótica, lembra que existe vasto horizonte de oportunidades no tratamento de resíduos agroindustriais e na mitigação das emissões de gases de efeito estufa por meio da produção do biometano e de outros produtos, como o CO2 e o fertilizante orgânico:
— Estamos confiantes de que nossa abordagem de economia circular em parceria com a eB Capital nos levará a grandes realizações e novos projetos como o que lançamos aqui em Triunfo.