Uma notícia boa na cozinha. O óleo de soja, que enfrentou severas altas ao longo de 2020 e 2021, está em queda. O levantamento da cesta básica de Porto Alegre mostra que este item fechou o mês de maio 35,11% mais barato do que no mesmo período do ano passado. Só entre abril e maio deste ano, a queda foi de 13,31%.
É a maior baixa de valor tanto na comparação mensal quanto na anual, de acordo com a tabela divulgada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-RS). Aliás, a queda se estendeu por boa parte dos 13 itens pesquisados mensalmente pelo departamento.
No soma, a cesta básica da Capital ficou 0,25% mais barata em maio, quando comparada a abril. A deflação não foi maior porque, entre os quatro itens que tiveram alta, dois saltos foram significativos: a batata (12,55%) e o tomate (5,73%). Farinha de trigo e açúcar ainda aparecem entre as elevações, mas com índices inferiores a 2%.
Do outro lado da balança, entre os nove itens em queda, depois do óleo de soja, vem a banana, que ficou 6,59% mais barata na comparação mensal. Dos demais alimentos que variaram para baixo, a alternância foi pequena, também inferior a 2%.
Tudo isso deu o patamar de estabilidade para a cesta básica, o que não é um cenário exclusivo de maio. No ano, a variação do conjunto de 13 alimentos considerados necessários para a subsistência de uma família brasileira é pequena, alta de 2,08%. E em 12 meses, o índice ainda é menor: 1,67% de inflação. Em dinheiro, a cesta básica de Porto Alegre fechou maio custando R$ 781,56. No mesmo período de 2022, era R$ 768,76, ou R$ 12,80 mais barata.
Queda nos valores da soja
Olhando novamente para o óleo de soja, o Dieese pontua em seu relatório que a baixa registrada se deve ao fato de que "houve redução do preço nacional e internacional da soja". Aliado a isso, "a demanda enfraquecida no mercado interno" também foi um fator que influenciou a "diminuição dos preços praticados no varejo".
Outro alimento importante na tabela do Dieese é a carne bovina, que tem uma fatia significativa no custo total da cesta. O item teve queda do preço médio do quilo em 14 das 17 capitais pesquisadas pelo Dieese em maio. Em Porto Alegre, a carne ficou 0,61% mais barata.
Em 12 meses, todas as cidades tiveram diminuição do valor médio — aqui na Capital, essa redução foi de 1%. A razão para essa queda singela, segundo o Dieese, é que "a oferta interna de carne foi maior, mesmo com o aumento das exportações, mas a demanda continuou enfraquecida por causa dos altos preços praticados no varejo".
Entre os itens que tiveram alta, a batata, que liderou, tem sua inflação motivada pelo fator local, segundo a economista-chefe do Dieese-RS, Daniela Sandi.
— Os produtos in natura têm essa característica (de variações mais localizadas). Nas demais capitais onde foi pesquisada, prevaleceu a queda no preço da batata. E em algumas capitais a presença maior de feiras também pode influenciar. Aqui em Porto Alegre, o mercado acaba sendo mais concentrado, com menos concorrência — diz Daniela.
O segundo maior salto foi do tomate, neste caso, o relatório do Dieese dá uma explicação mais simples para o aumento: "a oferta continuou menor e, por isso, os preços aumentaram no varejo". O açúcar também apresentou alta, apesar de maio ser o primeiro mês da safra da cana. Segundo o Dieese, a menor oferta de açúcar se deu por causa das chuvas, "que dificultaram o transporte da cana, e do alto preço praticado pelos produtores".
Porto Alegre tem a segunda cesta básica mais cara do país
O levantamento do Dieese mostrou que Porto Alegre fechou maio com a segunda cesta básica mais cara do país, atrás apenas de São Paulo — onde o conjunto ficou em R$ 791,82.
A cesta mais barata entre as 17 capitais pesquisadas pelo departamento é de Aracaju, no Sergipe: R$ 553,76. Com isso, os moradores de Porto Alegre tiveram de comprometer 64,01% do salário mínimo para comprar todos os itens da cesta.
A pesquisa do Dieese também aponta qual seria o salário mínimo necessário para uma família brasileira. Em maio, o valor ficou em R$ 6.652,09. O valor representa cerca de cinco vezes o mínimo atual, que é de R$ 1.320.