Após uma saraivada de queixas dos empresários do varejo sobre o alto nível da Selic, atualmente em 13,75% ao ano, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou a pedir paciência e disse que será melhor recebido pelos executivos daqui a um ano.
— O Banco Central tem um horizonte e tem de olhar mais no longo prazo. Tenho certeza de que daqui a um ano voltarei aqui e a avaliação será boa em retrospectiva — afirmou Campos Neto, em evento promovido pelo Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), em São Paulo, nesta segunda-feira (12). — Parte das narrativas que são construídas têm uma ansiedade legítima, de que os juros são altos. O Brasil sempre teve o juro real alto, mas a coisas estão se encaminhado de forma positiva. Peço um pouco de paciência de todos — completou.
Mais cedo, no mesmo evento, o presidente do Banco Central, mais uma vez, sinalizou que as revisões para baixo nas projeções longas de inflação abrem espaço para o BC começar a cortar a taxa Selic, mas reforçou que o Copom não tomará decisões artificialmente.
— Temos que manter a inflação sob controle. O trabalho está sendo feito e entendemos que está no caminho certo. Há um cenário bom, com crescimento sendo revisado para cima e inflação sendo revisada para baixo. Isso abre espaço. Estamos perto da reunião do Copom, eu sou um voto de nove, e não posso adiantar nada do que pode ser feito — afirmou.
Campos Neto repetiu que o custo de não combater inflação é muito elevado, e voltou argumentar que a Selic - apesar de "super alta" - é hoje menor que a média histórica na comparação com outros países.
— Entendendo a insatisfação com os juros, mas é preciso ter paciência. Entendo que as empresas estão sentido muito, algumas mais que outras, e vamos fazer uma força para atingirmos um ambiente de estabilidade para todos o mais rápido possível, mas fazer de forma artificial não alcançará o resultado esperado — enfatizou.
Ele reforçou que a tarefa do BC é fazer inflação convergir para a meta.
— Tentamos fazer o processo o antes e mais rápido para ter o mínimo de dor possível — repetiu. — Lembrando é uma decisão de colegiado no Copom, que o debate é amplo e técnico — acrescentou.