Porto Alegre tem despertado como capital de referência no debate nacional sobre a geração de energias renováveis e, nesta quarta-feira (19), recebeu lideranças do setor para o segundo dia do Wind of Change – Encontro de Investidores em Hidrogênio Verde e Eólicas Offshore/Nearshore. A embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Elizabeth Frawley Bagley, e o governador Eduardo Leite participaram do evento, realizado em hotel no bairro Moinhos de Vento.
"Ventos de mudança", em tradução literal ao nome do seminário, é de fato o que pretendem trazer os investimentos projetados. Os especialistas defendem que o Rio Grande do Sul se destaca geograficamente para este fim e, portanto, há grande potencial para empreendimentos nesta área.
Em inglês, a embaixadora norte-americana saudou as iniciativas realizadas no Estado, mencionando estarem alinhadas a projetos mundiais de compromisso com o clima. Nos Estados Unidos, o presidente Joe Biden estipulou uma série de metas ambientais, entre elas operações offshore para energia verde, semelhantes ao que é projetado para o RS.
Conforme Elizabeth, diversificar a energia vai possibilitar inovações e ajudar o mundo a enfrentar novas crises. Por isso, investimentos como os que têm sido tocados em solo gaúcho são essenciais.
A embaixadora antecipou que, no mês de setembro, uma delegação dos EUA virá ao Estado buscar oportunidades de negócios na área energética. Depois da fala na abertura do painel, Elizabeth seguiu para uma agenda fechada no Palácio Piratini.
Representando o papel do braço público nessas ações, Eduardo Leite falou de medidas que já estão sendo executadas pelo Estado, como estudo para mapear o potencial energético gaúcho e ampliação de linhas de transmissão. O governador destacou que os projetos desse porte são investimentos que interessam à humanidade, cumprindo um compromisso com o clima.
Entre as características favoráveis para os investidores buscarem o Estado, Leite mencionou o fato de o Rio Grande do Sul estar próximo de grandes centros de demanda, com alta industrialização regional, além da proximidade com o Sudeste.
O hidrogênio é considerado o combustível do futuro e deve se tornar um importante recurso energético até 2050. Estimular iniciativas para a produção de hidrogênio limpo é uma das diretrizes do governo do Estado para substituir o uso de combustíveis fósseis.
— O hidrogênio verde é um eixo de desenvolvimento que vemos para o nosso Estado. Contratamos estudo de consultoria internacional que atestou a condição de competitividade do Estado. Estamos tentando viabilizar a instalação de uma indústria de hidrogênio verde e trabalhando em impulsionar a demanda por hidrogênio verde no Estado, para ajudar a sustentar a planta. Temos demandas que justificam (o investimento) e que são diferenciais para que o RS aposte nesta transição energética — disse Leite.
Guilherme Sari, presidente do Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindinergia-RS), entidade realizadora do evento em parceria com empresas ligadas ao setor, reforçou a importância de atrair indústrias de geração renovável para o Estado, a exemplo da eólica. Mas lembrou que há duas preocupações que precisam ser destravadas. A primeira passa por promover a descarbonização da indústria. A segunda, por promover maior demanda pelo uso da energia renovável, e assim justificando novos investimentos nessa área.
— Precisamos trazer a indústria eólica para o Rio Grande do Sul. O onshore (quando os aerogeradores são instalados em terra) será um primeiro passo para isso. Mas o objetivo é avançar também no nearshore (quando os parques eólicos ficam próximos da costa), com condição específica do Rio Grande do Sul com áreas possíveis para isso junto a lagoas — disse Sari.
Segundo Sari, somente em offshore (instalação em alto-mar ou a muitos quilômetros da costa) o Estado responde por mais de um terço de toda a capacidade instalada no país nos projetos que estão em estudo pelo Ibama, sendo considerado, portando, um importante player.
— É uma indústria que tem 22 projetos no Estado e capacidade de investimento de mais de R$ 800 bilhões e milhares de empregos que podem ser gerados. Temos um bom porto no RS, mas precisamos de crescimento na estrutura junto aos estaleiros para a operação offshore. O Estado tem que ser parceiro dos investidores que estão ávidos por esses projetos — destacou o diretor.