Considerado um dos combustíveis do futuro, o hidrogênio verde ganhou um plano estratégico em nível estadual. Após um estudo detalhado sobre os potenciais, a demanda e as perspectivas de mercado dessa fonte de energia, a empresa de consultoria McKinsey & Company apresentou o relatório final nesta quinta-feira (16), que indica que o investimento pode gerar um aumento no Produto Interno Bruto (PIB) gaúcho de até 11%, ou R$ 62 bilhões, e a criação de 41 mil empregos até 2040.
As estimativas tiveram como base três cenários de aplicação do hidrogênio verde. O mais conservador envolveria seu uso em refinarias, transporte ferroviário e cicloturbinas, o que já permitiria um acréscimo de R$ 3,7 bilhões até 2040 no PIB do RS e a geração de 2 mil empregos. No cenário intermediário, o combustível também seria utilizado em fertilizantes, metanol, aquecimento industrial, transporte marítimo e na mistura de gás, o que renderia R$ 33,6 bilhões aos cofres estaduais e 25 mil vagas de trabalho.
O cenário mais otimista, que inclui a estimativa de ampliação de R$ 62 bilhões no PIB gaúcho até 2040, abrange também o uso do hidrogênio verde no transporte rodoviário e em carros de passageiros. Para isso, seria necessária a criação de uma infraestrutura de, por exemplo, postos que abasteçam os veículos com esse tipo de combustível, o que hoje não existe.
Em termos de potencial, a avaliação é de que o Rio Grande do Sul pode ser bastante competitivo na geração de hidrogênio verde, tanto para atender sua demanda interna como para exportar os produtos originados dessa matéria para outros Estados e países.
— O Rio Grande do Sul tem uma capacidade solar e eólica onshore e offshore um pouco inferior à do Ceará, mas o nosso potencial de geração de energia é mais estável ao longo do ano do que no Nordeste — analisa Sérgio Canova, sócio da McKinsey & Company.
Potenciais
O hidrogênio verde é feito por meio da eletrólise da água e costuma ser associado a projetos híbridos, com o uso de estruturas de produção tanto de energia solar, quanto eólica. Como o Rio Grande do Sul possui os recursos naturais necessários e um investimento já considerável em ambas as fontes de energia, o governo aposta no potencial do Estado na geração do combustível.
— A partir desse ato, mais do que termos a percepção sobre os potenciais, agora temos um estudo técnico que comprova o que estamos falando. Teremos condições de estruturar ainda mais políticas públicas como o financiamento para a substituição do transporte coletivo para veículos movidos a hidrogênio verde, por exemplo — sinalizou o governador Eduardo Leite, durante o evento.
No ato, um termo de cooperação para o desenvolvimento de trabalhos ligados ao hidrogênio verde foi assinado entre o governo do Estado e a prefeitura de Rio Grande. O investimento no combustível, segundo o governador, é benéfico tanto para o meio ambiente quanto para a economia do RS.
— Temos razões econômicas e de compreensão da sociedade, de como podemos retirar parte da nossa influência nas mudanças climáticas que sentimos. Existem fenômenos cíclicos no nosso planeta, mas que estão sendo acelerados pelo ser humanos e, por isso, buscamos fazer a nossa parte para reduzir isso e prolongarmos a nossa capacidade de existência — observou Leite.
Com o investimento em hidrogênio verde, a estimativa, de acordo com o estudo, é que o RS reduza de 4% a 9% da sua atual emissão de gases de efeito estufa.