Com enfoque no mercado de gás natural e a prioridade que representa para o setor industrial, a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) realizou nesta quinta-feira (2), em parceria com o governo gaúcho e a embaixada da Argentina no Brasil, o seminário "Oportunidades Argentina-Brasil, Relação com o Governo de Misiones e o Fornecimento de Gás Natural de Vaca Muerta ao Rio Grande do Sul".
Presente ao evento, o embaixador argentino, Daniel Scioli, destacou o total interesse do governo argentino na conclusão da obra, que se inicia na província de Neuquén, e cuja primeira etapa, de 563 quilômetros, entre Tratayén e Saliquelló, se encontra em execução, com previsão de entrega para junho deste ano.
Scioli ressaltou a posição estratégica e importante que a indústria do RS sempre teve com a Argentina, terceiro maior comprador de produtos gaúchos e o primeiro da origem de vendas ao Estado, e que essa relação poderá se intensificar após a conclusão da obra. O projeto do gasoduto prevê a entrada em solo brasileiro pelo município de Uruguaiana.
O presidente da Fiergs, Gilberto Porcello Petry, lembrou que a indústria responde por metade do consumo de gás natural no Brasil e que, industrializado e com diversificação produtiva, o Rio Grande do Sul está entre seus principais consumidores no país.
— O custo constitui ainda uma barreira operacional para inúmeras fábricas. Cabe, portanto, discutir e analisar caminhos para garantir um fornecimento competitivo. Desde a aprovação do marco regulatório do gás no parlamento brasileiro há menos de dois anos, já se observam evoluções significativas, mas ainda há muito a se avançar — afirmou.
A secretária de Energia da Argentina, Flavia Gabriela Royón, apresentou as oportunidades decorrentes da implantação do gasoduto Vaca Muerta — Uruguaiana. Informou que a segunda etapa, de 521 quilômetros entre Salliquelló e San Jerónimo, tem previsão de conclusão para o próximo ano.
— Estamos trabalhando, o projeto do gasoduto é estratégico e de alta prioridade para a Argentina — ressaltou.
O vice-governador do Estado, Gabriel Souza, lembrou que há uma década o Brasil não investe em gasodutos e, nesse contexto, o projeto de Vaca Muerta se torna fundamental. O governador da província de Misiones, Oscar Herrera Ahuad, também esteve presente, mostrando o projeto Silicon Misiones.
A construção do gasoduto da reserva de Vaca Muerta até o Brasil foi tema de discussão entre o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o presidente da Argentina, Alberto Fernández, em encontro no mês de janeiro.