O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, prometeu apresentar a proposta de um novo arcabouço fiscal para o Brasil — em substituição ao teto de gastos — no máximo até o mês de abril. Segundo ele, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu uma "herança delicada" da gestão de Jair Bolsonaro, que foi "irresponsável" nas eleições, e quer aproveitar o momento para fazer "algo estrutural" nas contas públicas.
— Recebemos uma herança delicada do governo anterior. Foi uma irresponsabilidade o que foi feito durante a eleição, medidas tomadas sem nenhum amparo técnico, mas não podemos pensar apenas em reverter. Se apenas revertemos, vamos nos debruçar no que estava se passando, baixo crescimento, concentração de renda... — explicou.
O objetivo é, segundo Haddad, fazer "algo estrutural", o que inclui a aprovação da reforma tributária e repensar o arcabouço fiscal do Brasil.
— É isso que vai dar sustentabilidade — acrescentou Haddad.
— Você tem de ter as contas arrumadas, mas para você desenvolver o país, você precisa de uma política proativa de mapear as oportunidades. O fiscal é uma parte da lição de casa, mas não é a agenda econômica completa se você for pensar em desenvolvimento — disse o ministro, citando as áreas se energia e indústria.
Segundo o ministro, esse é o recado que vai levar a investidores internacionais durante almoço do Itaú Unibanco, que acontece em Davos nesta terça-feira (17). Para Haddad, o mercado está "menos tenso" em relação à questão fiscal.
Ao comentar sobre sua agenda desta terça, Haddad disse que está tendo "reuniões prospectivas" em busca de parcerias com agentes internacionais e informações para o Brasil se posicionar na comunidade global. Nesta manhã, o ministro já teve três compromissos oficiais. Um deles foi com o ministro saudita de investimento, Al-Fahli, na qual tratou de concessões federais e estaduais.
— O governo saudita tem interesse em investir no Brasil por meio de parceria público privadas e concessões, e está atento a editais de parceria do governo brasileiro e de Estados. É um volume de recursos disponível muito importante — afirmou Haddad.
O ministro da Fazenda se reuniu ainda com o presidente da consultoria política Eurasia, Ian Bremmer, com o qual abordou questões geopolíticas, a relação do Brasil no novo contexto de guerra comercial entre os Estados Unidos e China, a invasão à Ucrânia e as possibilidades brasileiras na disputa internacional pela indústria e comércio.
Sobre a agenda internacional do governo Lula, Haddad reafirmou que uma viagem aos Estados Unidos está programada para fevereiro, e que deve estar junto do presidente.
— Se envolver assuntos econômicos, devo acompanhá-lo — afirmou o ministro, que também se reuniu com o Lord Malloch Brown e Alexander Soros, filho do bilionário George Soros, da Open Society, com foco em agendas ambiental e democrática.