Destino da primeira viagem internacional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu terceiro mandato, a Argentina tem relações comerciais estreitas com o Rio Grande do Sul. O Estado é atualmente o principal destino das exportações argentinas no Brasil. Já nas exportações brasileiras para o país vizinho, os gaúchos estão na quarta colocação. Uma parceria que segue evoluindo, mas que para avançar ainda mais, depende do destravamento de alguns pontos.
O coordenador do Conselho de Comércio Exterior (Concex) da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Aderbal Fernandes Lima destaca que a relação comercial entre o Rio Grande do Sul e a Argentina é produtiva no geral, vem crescendo nos últimos anos, mas uma das principais barreiras que seguram exportação mais expressiva para a Argentina está ligada às reservas do país vizinho.
Segundo Lima, como a Argentina segue com problemas de reservas internacionais escassas, a liberação de licenças para empresas brasileiras exportarem ficam represadas. Outro obstáculo que precisa ser vencido para melhorar a relação comercial entre o Estado e a Argentina está ligado ao escoamento dos produtos. Resolução sobre concessão da ponte São Borja-Santo Tomé, melhorias em processos de liberação de cargas em Paso de los Libres e na estrutura da ponte que faz essa ligação entram nesse segundo ponto, segundo o dirigente. A nova travessia entre Porto Xavier e San Javier, uma das pautas do encontro entre Lula e Alberto Fernández nesta segunda, também é parte destas mudanças estratégicas e necessárias no comércio entre os dois países.
Veículos embalam exportações argentinas
Em 2022, o Rio Grande do Sul importou US$ 2,7 bilhões do país vizinho, superando São Paulo e Santa Catarina no ranking dos principais destinos do mercado argentino. Os dados estão em painel de estatísticas de comércio exterior do governo federal. O fato de o Estado ser a porta de entrada no país de veículos de grande valor agregado importados da Argentina ajuda a explicar esse resultado, segundo especialista.
O Brasil importou US$ 13 bilhões da Argentina no ano passado. Ou seja, o Rio Grande do Sul é responsável por 20,8% desse montante. Entre os principais produtos importados da Argentina pelo Estado estão automóveis, veículos para transporte de mercadorias, óleos de petróleo e motores.
Já nas exportações, os gaúchos estão na quarta colocação no país em montante de valores, com US$ 1,3 bilhão em vendas externas para a Argentina no período. Outras partes e acessórios, peças de máquinas, polietileno e automóveis apresentam os maiores volumes em dólares. Como o Estado mais importou do que exportou, o saldo da balança comercial ficou negativo no ano passado.
Lima, destaca que o déficit na balança comercial do Estado com a Argentina é explicado pelo fato de o Estado ser a porta de entrada de veículos, principalmente camionetes, importados pelo Brasil:
— O Rio Grande do Sul é a porta de entrada da maioria dos automóveis e camionetes que são fabricados na Argentina para serem vendidos em todo o Brasil. (...) Portanto, a estatística dessa importação cai no Rio Grande do Sul e gera o déficit.
Os dados do governo federal corroboram a análise do dirigente. Veículos automóveis para transporte de mercadorias representam US$ 1,2 bilhão das importações do Estado (veja mais abaixo).
Exportações
- Brasil: US$ 15,3 bilhões
- RS: US$ 1,3 bilhão
Importações
- Brasil: US$ 13 bilhões
- RS: US$ 2,7 bilhões
Principais itens na exportação no RS
- Outras partes e acessórios: US$ 147,2 milhões
- Partes das máquinas: US$ 65,6 milhões
- Polietileno com peso específico inferior a 0,94: US$ 56,2 milhões
- Polietileno com peso específico de 0,94 ou mais: US$ 49,3 milhões
- Veículos automóveis para transporte de pessoas: US$ 45,4 milhões
Principais itens na importação no RS
- Veículos automóveis para transporte de mercadorias: US$ 1,2 bilhão
- Veículos automóveis para transporte de pessoas: US$ 393,4 milhões
- Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos, cruds: US$ 385,2 milhões
- Itens de ignição por compressão dos motores de pistão de combustão interna (motores diesel ou semidiesel), dos tipos utilizados para propulsão de veículos: US$ 127,9 milhões
- Cevada não moída: US$ 103,9 milhões
Fonte: governo federal