Em linha com o resultado nacional, que subiu 0,67%, a inflação oficial da Grande Porto Alegre voltou a acelerar em junho. De acordo com os resultados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (8), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou o mês passado em alta de 0,70%, indicando aumento do ritmo em relação a maio, quando avançou 0,40%.
Mesmo com a nova alta, que deixa o índice da Grande Porto Alegre, no acumulado do ano, em 3,85% e, em 12 meses, na casa de 10,68% (ambos abaixo do nacional, que está em 5,49% e 11,89%, respectivamente), as projeções apontam para uma desaceleração no próximo mês. Isso deve ocorrer, porque os efeitos da redução das alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre os itens essenciais nos Estados terão reflexos maiores a partir de julho.
Nesse contexto, no mês passado, os combustíveis já exibiram queda, em razão de outras movimentações, de 1,20% no país, mas, por aqui, a redução foi menor: 0,12%, com a gasolina decrescendo 0,34% e o etanol permanecendo estável. De outro lado, o diesel, utilizado em larga escala no transporte de cargas, seguiu a trajetória de altas e subiu 6,41% na Grande Porto Alegre, quase o dobro dos 3,82% referentes ao país.
Essa foi uma das razões para que o grupo dos Alimentos e Bebidas tenha continuado com viés de elevação (0,8% no país e 1,28% na Grande Porto Alegre). Entre os maiores avanços nesse grupo estão: o morango (13,03%), o leite longa vida (12,58%), o leite e os derivados (7,64%), o mamão (7,44%) e o frango inteiro (4,52%). Nas baixas, os destaques ficam por conta da cenoura (-22,40%), a Laranja Baía (-20,87%) e o alface (-10,81%).
Economista e professor da Escola de Negócios da PUCRS, Ely José Mattos destaca que o "grosso corte do tributo estadual" (limitado, desde o primeiro dia de julho, a 17% nas unidades da federação) será absorvido em julho. Segundo ele, no mês passado, por outras movimentações que envolvem os combustíveis, ocorreu uma pequena amostra do que ainda virá com o ICMS.
– É preciso destacar que não será uma queda perene, e sim um movimento forçado pelas novas regras tributarias que incidem sobre os preços de combustíveis e energia, que têm peso maior no IPAC e no orçamento das famílias – comenta.
Na comparação entre os grupos, a maior alta na Grande Porto Alegre, no mês passado, aconteceu no Vestuário (1,86%), seguido pelos Alimentos e Bebidas (1,28%) e Saúde e Cuidados Pessoais (1,04%).
De acordo com Mattos, “há várias coisas acontecendo no conjunto do índice, ao mesmo tempo”. Ele cita o leite e o frango, que deverão persistir em elevação. Em contrapartida, diz, existem alimentos como a cenoura, que ao longo do ano esteve sempre entre as maiores altas e em junho retrocedeu mais de 20%.
– Claro que a gasolina tem maior reflexo, mas em produtos isolados, que não comprometem tanto, as movimentações são distintas. Resta, agora, saber em quanto a inflação fechará o ano – argumenta.