Pelo sexto mês consecutivo, a produção industrial do país operou no campo negativo. Em novembro, de acordo com os dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada nesta quinta-feira (6) pelo IBGE, o resultado foi uma queda de 0,2%. Apesar do desempenho consolidado, as expectativas da indústria gaúcha para os próximos seis meses voltaram a crescer, após três baixas seguidas.
É o que diz o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI-RS), que teve alta em dezembro e fechou 2021 em nível positivo. Segundo o indicador da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), o percentual de industriais otimistas (34,9%) supera os pessimistas (14,2%) para 2022.
Da mesma forma, por aqui, a expectativa para o futuro das próprias empresas saltou 1,7 ponto percentual. Atinge, agora, 64,3% – o maior patamar entre todos os componentes de confiança avaliados pela federação.
— Isso sugere um cenário positivo para a indústria gaúcha nos primeiros meses de 2022. A presença de confiança, sustentada pela perspectiva de retorno completo das atividades econômicas e pela redução nas dificuldades na cadeia de suprimentos, contribuirá para a expansão do setor à medida que empresários mais otimistas são mais propensos a investir e a contratar — explica o presidente da Fiergs, Gilberto Porcello Petry.
No geral, o índice da Fiergs avançou 1,4 ponto em relação a novembro, para 61,2, em dezembro. Acima de 50 pontos, reflete otimismo, que subiu ligeiramente para a economia brasileira: de 54,4 para 55 pontos.
Por outro lado, Petry comenta que o cenário também apresenta incertezas. As principais, diz, são: a alta dos juros e da inflação, o risco fiscal e a pressão de custos provocada pelos aumentos nos preços dos insumos e matérias-primas, da energia elétrica e dos combustíveis.
Produção em 2021
A entidade gaúcha ainda apura os números finais da produção gaúcha no ano passado. A divulgação deverá ocorrer somente no próximo mês. No entanto, com os dados de novembro, apurados pelo IBGE, o setor, responsável atualmente por cerca de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, está 4,3% abaixo dos patamares pré-pandemia, registrados em fevereiro de 2020.
A soma dos desempenhos até aqui aponta ainda uma retração de 4% no acumulado de 11 meses em 2021. Ainda assim, a performance representa avanço de 4,7%, quando comparada com igual período do ano anterior.
De acordo com o gerente da pesquisa, André Macedo, na relação com 2020 – ano da pandemia – os resultados de 2021 são em grande parte positivos. Isso acontece, segundo ele, porque a base de comparação é baixa, uma vez que no início das restrições sanitárias, a indústria chegou a interromper as atividades, o que levou 2020 a fechar em queda de 4,5%.
Já na comparação com novembro de 2020, o tombo foi de 4,4%, com dados negativos em três das quatro grandes categorias econômicas, em 19 dos 26 ramos, 55 dos 79 grupos e 59,1% dos 805 produtos avaliados pelo IBGE.
— Na análise mês a mês, observamos que, das 11 informações de 2021, nove foram negativas. Ou seja, o segmento ainda sente muitas dificuldades — pontua Macedo.
Juros em alta, demanda em baixa, impactos da inflação elevada, precarização das condições de emprego e, por consequência, menores rendimentos do trabalhador e níveis de consumo, são alguns dos elementos que modelam o cenário atual, segundo comenta o gerente da pesquisa.