A Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande Sul (Federasul) espera 2022 com expectativa “moderadamente otimista”, segundo projeção apresentada nesta quinta-feira (16), durante coletiva de imprensa. A entidade prevê para o próximo ano crescimento de 2,04% no PIB gaúcho e de 1,13% na economia brasileira, pontuando um cenário de “incógnita” diante do ano eleitoral que se aproxima.
Para o coordenador da Divisão de Economia da entidade, Fernando Marchet, 2022 será o que ele chama de um “ano ponte”, ou seja, definidor de como será a conjuntura a partir de 2023 conforme o que for definido nas urnas.
Para a variação de preços, que já passa dos dois dígitos em 2021, a Federasul espera em 2022 uma inflação pela metade, com IPCA em 4,90%. Além do cenário inflacionário mundial, que tende a se estabilizar ajustando também o ambiente interno, Marchet inclui o juro alto entre os fatores que devem colaborar para a queda da taxa. A Selic deve permanecer em patamar elevado, em 11,5% ao ano.
– Neste patamar de juros, tem um crédito que pesa. A inflação continuará alta, mas menor, porque o juro vai frear e teremos um crédito “machucando a mão”. Mas claro que se o cenário fiscal perder o controle, pode-se aumentar a projeção – avalia Marchet.
Para o câmbio, o dólar deve ser o ponto mais sensível a variações ao longo do próximo ano, também como efeito de um ano eleitoral.
Contribuindo para as projeções otimistas, a entidade conta com uma “relativa recuperação” do emprego em 2022, seguindo movimento que já vem sendo observado este ano. O trabalhador formal poderá ter recuperação de renda após aprovação dos dissídios.
– Não recupera totalmente o poder de compra, mas melhora o rendimento do assalariado, somado ao acesso ao crédito, que estará aberto, e à inflação, que cai pela metade – explica o economista.
– Tivemos um impacto grande da pandemia no Rio Grande do Sul, com mais de 20 mil empregos perdidos no ano passado. Olhando para 2022, na nossa ótica, a questão da pandemia vai ser equalizada. Não teremos mais suspensão de atividades produtivas, apesar das variantes que circulam, mas nenhuma trazendo perspectiva de volta de fechamentos como tivemos – destaca o presidente da Federasul, Anderson Cardoso.
Entre as preocupações pontuais para 2022, a entidade cita as eleições, por gerarem volatilidade e incerteza, a baixa probabilidade de reformas e o risco elevado no cenário fiscal.
– Se a gente enxergar uma definição, para um lado ou para o outro, de quem são esses concorrentes, e dependendo do que mostrarem as pesquisas, podemos ter um mercado melhorando ou piorando. É uma incógnita para o ano que vem até que se defina – diz Marchet sobre a influência das eleições.
Segundo balanço da entidade, 2021 se despede com crescimento, ainda que menor do que o previsto inicialmente, mas recuperando perdas de anos anteriores. A indústria, afetada pela falta de produtos, e o consumo, prejudicado pela inflação, estão entre os motivos apontados pela equipe econômica para o resultado aquém.
Para a Federasul, o PIB do Rio Grande do Sul deve fechar o ano com alta de 7,7%, superior ao crescimento do país, estimado em 4,4%.