Única empresa a apresentar oferta, a Compass foi a vencedora do leilão de parte do controle acionário da Companhia de Gás do Rio Grande do Sul (Sulgás). O negócio foi fechado após lance de R$ 927,8 milhões — valor mínimo pedido pela fatia de 51% que pertencia ao governo do Estado. Recém chegada, a empresa diz que ainda é cedo para falar em investimentos.
— Claro que a intenção existe, mas acredito que ainda está cedo para falar em volume de investimentos. Esse é um capítulo que se abre após a operação concretizada, onde o poder concedente, que continua sendo o governo do Estado, a agência reguladora e nós deveremos sentar e conversar sobre o plano de investimentos — disse o presidente da empresa, Nelson Gomes, em coletiva de imprensa após bater o martelo na B3, em São Paulo.
A Compass pertence ao grupo Cosan e era uma das mais cotadas a participar do leilão, segundo especialistas do setor. A empresa tem forte atuação na região metropolitana de São Paulo através da Comgás, considerada a maior distribuidora de gás encanado do país e presente em 94 municípios. Possui mais de 19 mil quilômetros de rede instalada e 2,1 milhões de clientes nos segmentos residencial, comercial, industrial e veicular.
Segundo a empresa, em 2020, foram distribuídos 4,5 bilhões de metros cúbicos de gás, ou 32% do gás canalizado distribuído no Brasil. Volume bem superior ao distribuído pela Sulgás, que chega a média de 2 milhões de metros cúbicos por dia.
Além disso, recentemente, a Compass adquiriu a participação de 51% da Petrobras na Gaspetro. A transação está em análise pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), mas, se concretizada, vai ampliar a participação da Compass na companhia gaúcha, já que os outros 49% da composição acionária da Sulgás pertencem à Gaspetro.
A rede de distribuição da Sulgás está concentrada no eixo Porto Alegre-Caxias do Sul, e teria condição de crescer para outros pontos do Estado, aumentando o número de clientes atendidos. Atualmente, a malha de gasodutos soma 1.355,1 quilômetros, chegando a 42 municípios gaúchos e a 68.116 clientes.
Segundo Gomes, a intenção é ampliar o atendimento:
— A ideia é seguir a expansão da malha de gasodutos no Rio Grande do Sul assim como nós fazemos em São Paulo. Em São Paulo, para se ter uma ideia, a gente constrói mais de mil quilômetros de rede de distribuição todo ano e conecta mais de 120 mil clientes.
Entrave para uma possível expansão da operação existente hoje, a oferta de gás para abastecer a rede é um dos temas que estão no radar da nova acionista. Para crescer no mercado, é preciso aumentar a quantidade de metros cúbicos que vão ser vendidos.
— Sabemos que existem algumas limitações de oferta. O mercado de gás natural no Brasil começa a passar por uma grande transformação, e é esperado que a oferta de gás natural tenha uma expansão. Do ponto de vista da distribuição, vamos trabalhar para ter diversidade de oferta chegando até o Estado — acrescenta Gomes.