Os efeitos da vacinação na retomada da economia e os principais desafios do Rio Grande do Sul no pós-pandemia reuniram expoentes da política, do setor empresarial, da comunidade médica e do governo do Estado nesta segunda-feira (19), em um seminário promovido pela Assembleia Legislativa. Durante quase duas horas, eles discutiram como os melhores exemplos coletados em países mundo afora podem ajudar os gaúchos a reencontrar o caminho do desenvolvimento após a imunização da maior parte da população.
Transmitido pelos canais digitais da Assembleia, o evento foi mediado pelo presidente da Casa, deputado Gabriel Souza, e teve como debatedores o CEO da Randon e presidente do conselho do Transforma RS, Daniel Randon, o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Edson Brum, o presidente do Banrisul, Cláudio Coutinho, e o vice-presidente do Cremers, Eduardo Trindade.
O debate foi conduzido a partir de um estudo apresentado pelo economista Igor Morais. A partir de políticas públicas de vacinação crescente e indução da economia por incentivos financeiros implementados por países como Estados Unidos, China e membros da União Europeia, Morais projeta uma janela de prosperidade tão logo boa parte dessas nações alcance uma imunidade de rebanho. Só os Estados Unidos, aponta o economista, deve registrar um crescimento do PIB de 6,4% em 2021 (8,5% somente no segundo trimestre).
— Estamos tendo de pano de fundo o maior crescimento da história para alguns países desde a Segunda Guerra Mundial — resumiu.
Citando estatísticas como um aumento de 16% na produção industrial da China nos primeiros meses do ano, o aumento do comércio global e a recuperação da percepção do otimismo tanto dos consumidores como dos grandes empresários, Morais alertou para a necessidade de o Brasil estar preparado para o novo horizonte internacional. Como exemplo, citou o elevado grau de endividamento interno do país, atualmente em 98% do PIB.
— Estamos entrando num novo ciclo com dívida elevada. A gestão da contas públicas nos dois próximos ciclos eleitorais será um grande desafio — apontou.
Ao comentar as perspectivas do Estado, Randon salientou a oportunidade que se abre a partir da iminência de novo boom das commodities globais. Ele salientou a necessidade de redução dos custos e justiça tributária para aumentar a competitividade da economia gaúcha.
— Um dos modos de fazer isso é com solidez fiscal para que a gente possa investir em infraestrutura e serviços básicos, tornando o Rio Grande do Sul atrativo a investimentos e empreendedorismo — disse o CEO da Randon.
Na sequência, Edson Brum falou sobre as medidas para reduzir a burocracia e encurtando os tempos para investidores. Citou também a reforma do código ambiental do Estado a importância de melhorias na educação, sobretudo na formação de mão-de-obra.
— As oportunidades surgirão a partir do crescimento da China, dos Estados Unidos e da zona do Euro. Então temos de estar preparados — afirmou Brum.
Conforme o presidente do Banrisul Cláudio Coutinho, em 2021, o banco deverá voltar suas atenções para o financiamento de atividades empresariais, após ocupar boa parte de 2020 buscando manter o atendimento e equalizar dificuldades financeiras dos clientes.
— O Banrisul tem recursos, tem tecnologia, decisão política e vontade de apoiar o empresário gaúcho nessa retomada — resumiu Coutinho.
Para o vice-presidente do Cremers, Eduardo Trindade, um dos grandes desafios do Estado na relação saúde e economia é o grande número de pessoas perdendo o emprego e, por consequência, seus planos de saúde. Para evitar uma sobrecarga ainda maior da rede pública de saúde, afirmou, é preciso acelerar a vacinação.
— Com um colapso do sistema de saúde há consequentemente um colapso do setor econômico — projetou.
Até o final do ano, serão realizados outros cinco encontros similares para discutir temas como educação e mercado de trabalho. Em novembro, um congresso deverá debater todas as sugestões para reuni-las em livro.
— A Assembleia tenta exercer sua função que é criar um hub de relacionamentos para criar consensos mesmo onde há divergências. O objetivo é encontrar soluções — resumiu Gabriel Souza.