O Banco do Brasil (BB) comunicou nesta quinta-feira (18) que o presidente da companhia, André Guilherme Brandão, entregou pedido de renúncia ao cargo, com efeitos a partir de 1º de abril.
O comunicado foi feito por meio de fato relevante, divulgado nesta quinta. O documento é assinado pelo vice-presidente de Gestão Financeira e Relações com Investidores, Carlos José da Costa André, e direciona a notícia para o presidente Jair Bolsonaro, para o ministro da Economia, Paulo Guedes, e para o presidente do Conselho de Administração do Banco do Brasil, Hélio Lima Magalhães.
Conforme o texto, após ser aceita a renúncia por Bolsonaro, será feita a indicação do novo presidente do BB. Fatos adicionais, "julgados relevantes", serão divulgados ao mercado prontamente, conforme a nota.
Desgaste com o Planalto
Brandão estava há cerca de seis meses no cargo, e vinha sinalizando a pessoas próximas que queria deixar o comando da instituição, após ter sido alvo de ameaças de demissão por parte do presidente Jair Bolsonaro, de acordo com o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado).
A crise da gestão de Brandão com o Planalto começou com o anúncio de reestruturação no BB, com medidas que envolvem o fechamento de 112 agências e o desligamento de 5 mil funcionários, por meio de programas de demissão voluntária. Na época, Bolsonaro foi pressionado por parlamentares em razão do plano do banco e, com receio de desgastes políticos, ameaçou demitir Brandão. O executivo foi salvo, no entanto, pela equipe econômica do governo, liderada por Guedes, que reuniu esforços para manter Brandão, chamado para assumir o banco justamente com a missão de tocar uma agenda de desinvestimentos e de enxugamento da estrutura.
Após o desgaste, Brandão convocou coletiva de imprensa, para comentar os resultados mais recentes do banco, e, na ocasião, disse que tudo não havia passado de um problema de comunicação com o governo e que pretendia se reunir com Bolsonaro.
Recentemente, problemas com outra estatal, a Petrobras, trouxeram o caso de volta. Insatisfeito com a política de preços da petroleira, Bolsonaro decidiu tirar Roberto Castello Branco do comando da companhia e anunciar, na metade de fevereiro, para o seu lugar o general da reserva Joaquim Silva e Luna.
Depois da troca na Petrobras, Bolsonaro sinalizou que outras mudanças seriam anunciadas em estatais, e o nome de Brandão voltou a ser colocado como possível demitido, principalmente, pelo centrão, que está de olho no cargo.