O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que a adoção do lockdown na pandemia serve para "desacelerar a velocidade do contágio" da covid-19 enquanto se acelera a velocidade da vacinação. A declaração foi dada após o ministro ser questionado pelo senador Wellington Fagundes (PL-MT) sobre qual seria o efeito disso para a atividade econômica e se o ministro acreditava que medidas de restrição poderiam ajudar a conter a doença e o número de mortos.
Guedes participou de audiência pública da comissão no Congresso que acompanha as ações de enfrentamento à covid-19. Sensível por envolver uma briga direta entre o presidente da República, Jair Bolsonaro, e os governadores, o tema recebeu uma resposta breve de Guedes.
— O lockdown é para desacelerar justamente a velocidade de contágio enquanto se acelera a velocidade de vacina — afirmou o ministro.
Guedes não disse se defende a medida ou se o Brasil precisaria adotar um lockdown nacional, o que não tem apoio do chefe do Executivo, que inclusive critica medidas como essa tomadas isoladamente pelos Estados.
O presidente entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para derrubar decretos dos governos do Distrito Federal, da Bahia e do Rio Grande do Sul que impuseram "toque de recolher" à população — o que foi rejeitado pelo ministro Marco Aurélio Mello.
Na audiência, Guedes destacou a necessidade de alcançar a aplicação de 1 milhão de doses de vacina contra coronavírus por dia e disse que, se isso ocorrer, todos os idosos estarão vacinados em pouco mais de um mês.
Guedes defendeu isenções para empresários nas doações de vacinas ao Sistema Único de Saúde (SUS). A compra de vacinas pelo setor privado só é permitida se todas as doses forem doadas ao SUS, de modo a acelerar a imunização de grupos prioritários para que, então, as empresas estejam autorizadas a imunizar seus funcionários. Há pressão de empresários, no entanto, para mudar a regra.
— Nossos empresários têm capacidade de ir lá fora e comprar sobras de vacina — observou Guedes aos senadores.
O ministro também apresentou, durante a audiência, as medidas do governo em apoio a empresas prejudicadas pela crise sanitária. Entre elas, citou, está a possibilidade de permitir a rolagem da dívida de setores mais afetados. A ajuda também pode vir pelo alívio de multas cobradas pela Receita Federal, informou.
— Teremos que rever tudo isso. Obviamente, não tem como pedir para pagar multa, temos que rever isso com a Receita — disse Guedes, pedindo também que os senadores trabalhem junto ao governo para elaborar medidas voltadas ao turismo, setor atingido em cheio pelo isolamento social.
Num momento de afago aos parlamentares, o ministro saudou o Congresso pela aprovação de matérias como a independência do Banco Central, a PEC emergencial e o marco do saneamento. São avanços, disse o ministro, que ajudam a reduzir incertezas econômicas, além de evitar, no caso do BC, que uma inflação considerada temporária torne-se permanente.
Ao elencar medidas de apoio ao setor privado diante do impacto pesado da pandemia, o ministro da Economia, Paulo Guedes, informou nesta quinta-feira, 25, que o governo segue trabalhando em garantias para micro e pequenas empresas conseguirem captar recursos nos bancos a taxas de juros mais reduzidas.
O ministro reforçou a ideia de utilizar recursos que sobraram do Fundo Garantidor de Investimentos (FGI). Nas contas de Guedes, entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões em garantias do fundo público permitiriam um acesso a crédito na faixa de R$ 20 bilhões a R$ 30 bilhões pelas empresas.
— Estamos em cima disso. Com a renovação do Pronampe (programa de apoio a micro e pequenas empresas), usando recursos que não foram usados do FGI, calculamos que com R$ 3 bilhões a R$ 4 bilhões, conseguimos mobilizar entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões para ajudar pequenas e médias empresas — informou o ministro aos senadores
Em outro momento da audiência, sobre a situação econômica dos entes subnacionais, Guedes afirmou que o caixa dos Estados nunca esteve tão alto e que governadores chegaram a colocar em dia o 13º dos servidores ao fim do ano.
Questionado sobre a resposta do governo federal à alta extrema de casos da covid neste ano, o ministro citou essas situações para dizer que a "ilusão" de que a doença estaria próxima do fim foi sentida por todos.
— Todo mundo deveria estar sob a impressão de que a doença tinha retrocedido. Se não todo mundo deveria estar trabalhando, em vez de pensar em política e eleição da Câmara, deveria estar todo mundo fazendo o auxílio — disse em Guedes, em referência às eleições do comando do Congresso que dominaram o mundo político do início do ano, citando também os governadores.
— Botaram em dia o 13º, desativaram leitos dos hospitais de campanha. Todo mundo achou que a doença tinha ido embora — afirmou o ministro.