Ainda que reconheçam o esforço do Palácio Piratini na tentativa de socorrer empreendimentos afetados pela pandemia, entidades ligadas aos setores da gastronomia e da hospedagem no Rio Grande do Sul classificam como insuficientes as medidas anunciadas nesta sexta-feira (26) pelo governador Eduardo Leite.
Em videoconferência com a participação de deputados, Leite informou que o governo pretende disponibilizar R$ 130 milhões para o setor de serviços, em especial para negócios do ramo de alimentação, hotéis e pousadas, por meio da criação de um auxílio emergencial estadual. A proposta depende do aval da Assembleia Legislativa.
Para a presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) no Rio Grande do Sul, Maria Fernanda Tartoni, o esforço é válido, mas distante do necessário:
— Infelizmente, não é suficiente. Qualquer ajuda financeira é muito bem-vinda, é claro, mas o que está sendo oferecido não salva nenhum estabelecimento que já está com a água no pescoço, batendo no nariz. A gente já vem de um ano de baixíssimo faturamento e de grande endividamento. O que a gente realmente precisa é voltar a trabalhar.
Maria Fernanda reconhece que a volta à normalidade não se dará de forma imediata, ainda assim reivindica uma sinalização mais clara do governo.
— A gente tem plena consciência de que as coisas não vão voltar ao normal da noite para o dia e que as pessoas não vão sair de casa com tanta facilidade, mas precisamos ter alguma possibilidade de vislumbrar faturamento através das vendas. É a única forma de a gente conseguir sobreviver agora, já que o governo não pode dar toda a assistência necessária. É fundamental que possamos abrir aos finais de semana e no turno da noite. Só o final de semana, para grande parcela dos nossos associados, corresponde a 40% do faturamento — diz a presidente da Abrasel-RS.
À frente do Sindicato de Hospedagem e Alimentação de Porto Alegre e Região (Sindha), Henry Chmelnitsky faz questão de valorizar o empenho do Legislativo, que levou adiante as demandas do setor, e do Executivo, que foi sensível aos pedidos de apoio. Apesar disso, como Maria Fernanda, afirma que é preciso mais para evitar o colapso generalizado das atividades. A saída, na avaliação dele, é facilitar de forma efetiva o acesso ao crédito.
— Temos de reconhecer o esforço dos deputados e do governador. Nas últimas 48 horas, houve um trabalho exaustivo para encontrar respostas ao problema. Isso tem de ser valorizado. Por outro lado, as nossas demandas estão focadas na sobrevivência e no futuro do setor, e não em paliativos. O que precisamos é desburocratizar o sistema financeiro estadual para criar mecanismos de longo prazo que ajudem os empresários a superar esse momento atípico e difícil — ressalta Chmelnitsky.