Correção: o prazo para análise do projeto é de 15 dias, e não de até 20 dias. Além disso, a empresa tem até 120 dias para a instalação dos equipamentos, e não 60, como publicado entre as 14h05min de 18/2 e as 16h14min de 19/2. O texto já foi corrigido.
Em alta no país, a produção de energia solar se populariza e aumenta sua capacidade de produção a cada ano. Ficou interessado em fazer parte desse mar de placas instaladas pelos telhados e economizar na conta de luz?
Saiba quais são os custos envolvidos, para quem é vantajoso, a infraestrutura necessária e burocracia envolvida no processo.
Para alívio do consumidor, tudo fica nas mãos do responsável técnico pelo projeto. Ao usuário cabe, basicamente, o pagamento pelo serviço. Acompanhe o passo a passo para a instalação.
Como saber se posso instalar na minha casa?
Se você cogita implementar esse modelo de produção de energia elétrica em sua casa ou empresa, saiba as etapas de instalação do sistema são, praticamente, as mesmas. Odilon Duarte, professor da Escola Politécnica da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), explica que são necessários alguns poucos passos para fazer os painéis solares gerarem energia. A primeira etapa é a exploratória: buscar uma empresa especializada em placas solares e enviar ao engenheiro eletricista ou técnico eletricista uma conta de luz.
— Com a conta de luz em mãos, vemos o histórico de consumo energético do lugar e calculamos quantos módulos solares precisarão ser instalados e a área que será necessária para abrigar as placas. Enfim, fazemos o estudo de viabilidade técnica de colocação do sistema — resume Duarte.
Após, o responsável pela execução do projeto realizará uma visita na casa ou empresa para analisar as condições técnicas da área: verificar a luminosidade do local, se o telhado tem capacidade para suportar o peso das placas, se há presença de sombra — inimiga dos painéis —, a posição solar — o ideal é que o sol incida sempre da localização norte, já que outras posições de incidência da luz requerem o uso de mais painéis.
Quanto vou gastar?
Com a visita técnica concluída, o cliente recebe um orçamento. Nele são considerados preço dos módulos solares e demais peças, mão de obra para instalação e a assessoria prestada pelo técnico. Ao mesmo tempo, assim que finalizado, o projeto é entregue à concessionária de energia responsável pela área. A partir desta data, a concessionária tem 15 dias para aprovar o projeto. Depois da aprovação, a empresa pode instalar os equipamentos, com prazo máximo de 120 dias.
— Toda parte burocrática fica entre a fornecedora e o técnico do projeto. Permitida a colocação dos painéis, é realizada a compra do que chamamos de kit solar. Nele está inserida a aquisição das placas, do inversor de energia (uma espécie de adaptador de energia para o sistema fotovoltaico), caixas de proteção do disjuntor, conectores e estruturas de fixação das placas — detalha o engenheiro eletricista Guilherme Saraiva, sócio-diretor da Voltatec Energia e da Aprendiz Solar.
Alan Spier, diretor administrativo da Ecosul, detalha que, aqui no Estado, as distribuidoras têm comportamentos diferentes nesta etapa:
— Concluída a instalação, a empresa comunica a concessionária. Ela tem sete dias para vistoriar a obra. Aprovada a vistoria, o relógio medidor será trocado, sem custo, pela distribuidora em até mais sete dias. Esse é o padrão de operação da RGE. Já a CEEE, ao realizar a vistoria, já faz a troca do relógio.
O valor de investimento para uma casa de uma família que consuma bastante energia, exigindo a instalação de 10 módulos, fica em, aproximadamente, R$ 18 mil. Para estabelecimentos comerciais, a variação é maior porque depende do porte da demanda energética.
Em uma padaria, por exemplo, pode ser de R$ 80 mil, em um supermercado de R$ 200 mil e até R$ 500 mil em indústrias que trabalham em três turnos. O valor pode ser financiado em bancos e instituições de crédito e o valor que se paga a menos da conta de luz pode ser usado para pagar a prestação. O retorno desse investimento pode variar entre quatro a seis anos.
Demora muito para instalar?
Geralmente, a entrega do kit leva entre 15 e 30 dias. A instalação é feita por pessoas capacitadas, com experiência no setor de eletricidade e sempre sob a supervisão do responsável pelo projeto.
Depois de instalado, não significa que já vai começar a operar e gerar eletricidade. O sistema deve permanecer desligado, já que a primeira liberação da concessionária de energia elétrica diz respeito à permissão de instalação dos painéis solares, não de seu funcionamento.
— A instalação das placas demora mais para aqueles que têm uma subestação, como indústrias, por exemplo. Basicamente, esse tipo de empreendimento precisa reforçar a proteção em relação aos disjuntores. Isso leva a um investimento maior e aumenta o prazo de homologação do sistema junto à concessionária em até 30 dias — detalha Saraiva.
A concessionária faz então uma vistoria no local. Se estiver tudo dentro dos padrões, o relógio medidor padrão é substituído pelo bidirecional.
— Esse aparelho é importante, porque ele contabiliza a energia elétrica produzida pelos painéis solares e que é jogada na rede da concessionária, mas também faz o caminho inverso. O relógio bidirecional registra a energia consumida da fornecedora de eletricidade. Com a instalação desse equipamento a pessoa passará a utilizar o sistema de energia limpa e renovável — explica Duarte.
Quando vai aparecer o benefício na conta de luz?
Depois que as placas solares já estiverem em operação, o consumidor não deixará de pagar a conta de luz, mas ela vem com um valor menor. Essa taxa chama-se custo de disponibilidade. É o valor cobrado pela fornecedora de energia para oferecer a eletricidade, mesmo que não haja consumo. Quer dizer, o usuário deve arcar com o custo por ter uma fonte de energia disponível, afinal, o sistema está atrelado à rede da concessionária para funcionar, afirma o professor da PUCRS:
— A pessoa que usa uma rede monofásica paga uma taxa mínima equivalente a 30KW/h, o que fica em torno de R$ 27, que é um valor bem baixo. Por isso, esse modo de produção de energia acaba se pagando.
E quando está nublado?
Apesar dos dias cinzas no inverno, vale a pena investir no sistema de geração de energia solar, segundo o professor da PUCRS. Isso se deve à grande produção que o Estado tem nos meses de verão.
— Somos atingidos pela nebulosidade em junho e julho. Porém, nos períodos quentes, a nossa produção diária supera a de Estados do nordeste brasileiro. Além disso, o excedente produzido no verão fica disponível para ser resgatado por até cinco anos. Por isso, ainda é válido investir nesse sistema, mesmo morando no Rio Grande do Sul — observa.
Precisa de algum cuidado especial com as placas?
A manutenção dos painéis não é nada exigente. Segundo Duarte, é preciso limpar as placas com um pano umedecido uma vez por ano. Vale ressaltar que o tecido não deve soltar fibras e nem ser áspero a ponto de arranhar a estrutura. Caso sua empresa ou casa esteja localizada em uma região com muita concentração de poeira ou com trânsito constante de pássaros, o ideal é fazer essa limpeza a cada seis meses.
— As fezes dos pássaros e a fuligem podem reduzir em até 20% a capacidade de produção energética dos painéis solares — destaca o professor da PUCRS, ressaltando que as placas solares têm vida útil de até 25 anos, já o inversor dura até 15 anos.
Existe benefício fiscal?
Desde agosto do ano passado, o governo federal zerou as alíquotas de imposto de importação sobre diversos equipamentos de geração de energia solar, o que reduz custos. Essa alíquota é válida até 31 de dezembro deste ano.
Há ainda isenção de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para o kit solar. Em 2020, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) quis reduzir incentivos à produção de energia solar . O presidente Jair Bolsonaro se posicionou contra essa proposta.