Sustentabilidade, palavra que é sinônimo de futuro, tem nas energias limpas um dos seus pilares. Praticamente inexistente no Brasil há uma década, a geração de energia a partir do sol é um dos melhores exemplos existentes no mundo de combinação entre benefícios econômicos e ambientais. E é, afortunadamente, uma frente em que o país tem inigualáveis condições de avançar rapidamente, como vem ocorrendo nos últimos anos, com ganhos disseminados para toda a sociedade.
Nesta corrida, o Rio Grande do Sul é dos ponteiros, com o terceiro maior parque gerador do Brasil
Reportagem publicada na terça-feira em Zero Hora mostra que, de 2019 para 2020, a capacidade de geração pela energia solar fotovoltaica no país cresceu 63%, para 7,5 gigawatts (GW). Significa ainda apenas 1,7% da matriz brasileira, mas o ritmo acelerado de expansão observado desde 2012 indica que seu ganho de importância será cada vez maior pelos incentivos existentes, barateamento dos equipamentos, crédito adequado e, claro, pela farta irradiação solar no Brasil. Nesta corrida, o Rio Grande do Sul é dos ponteiros, com o terceiro maior parque gerador do Brasil, atrás somente de Minas Gerais e de São Paulo.
É óbvio que o avanço da energia solar no Brasil não seria tão intenso não fossem as vantagens econômicas e as facilidades para a instalação dos painéis em residências, condomínios, comércios, escolas, hospitais, propriedades rurais, indústrias e vários outros tipos de estabelecimentos. O grande incentivo, sem dúvida, vem da chamada geração distribuída, modalidade em que o próprio consumidor produz a sua energia e, em momentos de menor demanda, fornece o excedente para a rede elétrica da concessionária da região, obtendo créditos que podem ser abatidos da fatura. A conta de luz, por outro lado, sobe acima da inflação nos últimos anos e, para muitos tipos de fábrica, é um dos principais custos. Natural e saudável, portanto, essa busca acelerada pela energia solar, com o investimento normalmente pago pela economia em um período bem inferior à vida útil dos equipamentos.
A Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) registrou, nesta semana, que o país ultrapassou a marca de 500 mil unidades consumidoras com geração distribuída. Desde 2012, calcula a entidade, o setor recebeu R$ 23 bilhões em investimentos, criando cerca de 140 mil empregos. Se continuar avançando, significará menor necessidade de outras matrizes poluidoras, como térmicas movidas a combustíveis fósseis, ou hidrelétricas, que apesar de serem uma fonte renovável têm impacto ambiental.
Há, agora, um ponto de atenção. Por determinação do Tribunal de Contas da União (TCU), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) deve apresentar, nas próximas semanas, planejamento para retirada de subsídios de quem é produtor e consumidor de energia. Um dos argumentos é de que, para custear essa desoneração, a tarifa fica mais alta para os demais consumidores. Espera-se que, ao desenhar uma solução, a Aneel não inviabilize a continuidade do desenvolvimento da energia solar no Brasil – onde, apesar do rápido avanço até aqui, ainda há grande potencial para crescimento.