Infraestrutura adequada é, em qualquer lugar do mundo, pré-requisito para o desenvolvimento e o bem-estar da população. O Rio Grande do Sul dá alguns passos nessa direção com o início da duplicação da BR-386 entre a Região Metropolitana e Carazinho, no norte do Estado, e outras obras em andamento, próximas de começar ou então previstas para os próximos anos. No caso específico da rodovia conhecida como estrada da produção, a importância da ampliação da capacidade em 225 quilômetros se dá exatamente por ser uma via de grande relevância econômica e, ao mesmo tempo, pelo tráfego pesado e trechos sinuosos em alguns pontos, o que a torna extremamente perigosa.
Mesmo sendo uma das principais economias do Brasil, o Rio Grande do Sul sofre com um dos custos logísticos mais altos do país
O trabalho que se inicia nesta semana se traduzirá no futuro em menores custos logísticos para o Rio Grande do Sul, ganho de tempo e muito mais segurança para os motoristas que trafegam na BR-386. Ano passado, de acordo com levantamento da Confederação Nacional do Transporte (CNT), foi a estrada federal com o maior número de mortes no Estado. Houve 43 vítimas fatais, conforme dados disponibilizados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Até 2036, quando está prevista a conclusão de toda a duplicação do trecho pela CCR ViaSul, que desde 2019 administra a rodovia, serão investidos cerca de R$ 550 milhões. Apenas neste primeiro ano, a projeção da concessionária é de contratar diretamente 550 pessoas. A demanda por produtos e serviços deve gerar ainda outros mil empregos indiretos ao longo do ano. Os benefícios para o Estado, portanto, começam a ser sentidos desde já, com impacto positivo no mercado de trabalho, justamente em uma época de elevado desemprego. Sabe-se também que investimentos são essenciais para revigorar a economia pelos efeitos benéficos que geram na cadeia de fornecedores. Ainda reanima o setor de construção pesada, um dos mais afetados pela crise atravessada pelo Brasil nos últimos anos.
Mesmo sendo uma das principais economias do Brasil, o Rio Grande do Sul sofre com um dos custos logísticos mais altos do país, o que mina a competitividade das empresas instaladas no Estado, especialmente do setor industrial, e dificulta a atração de empreendimentos. Como grande parte do transporte de mercadorias é feito pelo modal rodoviário, melhorar estradas e
duplicá-las é essencial. Com a penúria fiscal do governo gaúcho e da União, torna-se cada vez mais claro que os investimentos necessários terão de ser feitos pela iniciativa privada. Não apenas pela disponibilidade financeira para aportar recursos significativos mas pela inexistência de amarras burocráticas para simples serviços de manutenção, pela maior capacidade de cumprir cronogramas e disposição de controlar custos – o que se traduz em melhores rodovias para os gaúchos. Com contratos equilibrados, estradas concedidas e pedagiadas, ao fim, oneram menos a sociedade.
Ganhos semelhantes virão com a duplicação dos 204 quilômetros da RS-287, entre Tabaí e Santa Maria, obra que ficará a cargo do consórcio espanhol Via Central, vencedor do leilão de concessão organizado pelo governo gaúcho em dezembro. Outras estradas estaduais, de acordo com o programa do Piratini, terão o mesmo destino. Entre Eldorado do Sul e Pantano Grande, a BR-290 também será repassada à iniciativa privada pelo governo federal para a construção de uma segunda pista. Com recursos públicos, está em curso a duplicação de partes da
BR-116 entre Guaíba e Pelotas pelo Exército. A segunda ponte sobre o Guaíba, demanda de décadas, tem desde o final do ano passado o trânsito liberado, embora sem todas as alças de acesso prontas. Aos poucos, portanto, os gaúchos acumulam perspectivas de começar a contar com uma malha rodoviária que garanta menos transtornos, dê mais segurança e, em vez de entrave, se torne uma aliada do progresso.