O volume financeiro movimentado pelo Pix, sistema de pagamentos instantâneos, alcançou R$ 24,144 bilhões em duas semanas desde o seu lançamento, em 16 de novembro, conforme dados atualizados pelo Banco Central nesta segunda-feira (30).Foram registradas até o momento mais de 28 milhões de transações com a nova modalidade.
Na segunda semana de uso do Pix, que já caiu no gosto dos brasileiros, a cifra diária praticamente dobrou à medida que mais pessoas começam a aderir à solução. Quando considerado o volume financeiro nos dois períodos, o montante teve incremento de 59%. Foram R$ 14,8 bilhões na segunda semana contra R$ 9,3 bilhões na primeira. Os dados do Pix são atualizados diariamente pelo BC até às 18 horas.
O maior volume financeiro, ao menos até aqui, ocorreu na Black Friday, dia 27, importante data para o varejo, principalmente em um cenário de pandemia. Na ocasião, o Pix movimentou cerca de R$ 3,314 bilhões em mais de três milhões transações feitas com a modalidade.
Até o momento, a nova forma de pagar e transferir dinheiro no Brasil atraiu mais de 40 milhões de usuários, mostram dados do BC. O número cresceu frente à primeira semana de uso do Pix, quando a novidade somava 36,635 milhões de adeptos. Do total da base de usuários, 38,024 milhões são pessoas físicas e 2,416 milhões jurídicas.
O número das chamadas "chaves" também cresceu na segunda semana. Tratam-se dos dados que permitem o pagamento por meio da nova tecnologia lançada pelo BC. Cada usuário pode ter até cinco chaves dentro do Pix. Assim, o total já passa dos 93,240 milhões, segundo a autoridade monetária. São cerca de 89,115 milhões de chaves de pessoas físicas e mais de 4.125 milhões de pessoas jurídicas.
Com tamanha adesão, o Pix deve fazer a modalidade de débito sofrer no médio prazo, na opinião do analista da Genial Investimentos, Eduardo Nishio.
— Vai depender muito do uso por parte do lojista, o ritmo de adoção do Pix e o quanto ele vai ou não fomentar o débito, que é mais rentável aos bancos — avalia.
Nos estabelecimentos comerciais, cresce a oferta de pagamento em três modalidades: débito, crédito ou Pix. O maior uso do Pix, observa Nishio, deve impactar as receitas de conta corrente dos grandes bancos uma vez que tornam outros instrumentos como boleto, transferências eletrônicas (TED e Doc) obsoletas. Tanto é que os bancos avançam na oferta de pagamento de contas via Pix. Nishio lembra, contudo, que muitos clientes já não pagam pacote de serviços ou optam por bancos com gratuidade.
— O Pix vem na linha de atuação do Banco Central de promover uma maior inclusão financeira no Brasil — avalia o diretor sênior de instituições financeiras da Fitch Ratings para América Latina, Claudio Gallina.
Para ele, a centralização do Pix no guarda-chuva da autoridade monetária é positiva a despeito das críticas de alguns de uma eventual "estatização" nos meios de pagamentos. Essa é, conforme Gallina, a grande diferença do Brasil e da China.
— Aqui, o sistema é centralizado. Tem alguém que controla, o que é muito positivo. Lá na China, o controlador não terá uma visão forte como o BC — explica, em entrevista ao Broadcast.