Depois de sete meses fechadas, as casas de festas de Porto Alegre poderão voltar a sediar eventos sociais. Decreto publicado pela prefeitura da Capital na noite de segunda-feira (19) passou a permitir a realização de festas de aniversário, casamento, bodas, formaturas, coquetéis, reuniões e solenidades de inaugurações, desde que haja o cumprimento de uma série de protocolos de prevenção ao coronavírus. Dirigentes do setor comemoram a liberação e preveem retomada gradual das atividades nos próximos meses.
Nesta terça-feira (20), primeiro dia de vigência da liberação, empresas começaram a remobilizar os funcionários e passaram a intensificar contatos com clientes que haviam cancelado festividades durante a pandemia. Na volta das atividades, as casas de festas terão de realizar eventos com limite de cem pessoas e a lotação não poderá exceder 50% da capacidade máxima prevista no alvará de proteção e prevenção contra incêndio. Além disso, o público terá de ficar sentado enquanto durar a festividade, será exigido distanciamento mínimo de dois metros entre os presentes e as pistas de dança terão de ficar fechadas.
Presidente da Associação Gaúcha de Empresas e Profissionais de Eventos (Agepes), Claudia Fattore ressalta que a retomada será repleta de desafios para o setor. Ainda que a entidade não tenha dados sobre o total de demissões realizadas durante a pandemia e nem sobre a quantidade de empresas que tiveram de fechar definitivamente as portas, Claudia aponta que o segmento voltará com tamanho reduzido em relação ao período anterior à crise sanitária:
— A condição financeira das empresas está bem diferente, algumas já não existem mais. Também vimos uma série de profissionais que acabaram indo para outros ramos. A situação do mercado não é igual à que era em 18 de março, quando fechamos. Teremos de nos adaptar.
Ainda assim, Claudia constata que há demanda para marcação de eventos na Capital. Com a remarcação de festividades canceladas neste ano, 2021 promete ser um ano movimentado para o ramo. As empresas têm oferecido alternativas a clientes que tiveram seus planos impactados pela pandemia. Para as debutantes com festa cancelada em 2020, por exemplo, a sugestão é realizar uma grande festa nos 16 anos, como costuma ocorrer nos Estados Unidos com o chamado “sweet 16”.
Liberação
O movimento realizado em Porto Alegre acompanha o verificado em outras capitais do país recentemente, lembra a presidente da Associação das Empresas de Parques de Diversões do Brasil (Adibra), Vanessa Costa. A dirigente diz que o setor foi um dos que foi mais afetados pela pandemia e teve de lidar com uma enxurrada de cancelamentos a partir de março. Agora, segundo a empresária, a tendência é de que haja retomada gradual da atividade até 2021.
— O efeito da pandemia para as empresas foi devastador. A liberação é muito importante, agora temos uma previsibilidade maior para trabalhar, mas demora um tempo até as pessoas voltarem a planejar eventos — salienta Vanessa.
Do ponto de visto epidemiológico, a liberação para a realização de eventos sociais é vista com ressalvas por alguns profissionais da área da saúde. Diretora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Lessandra Michelin entende que "qualquer evento que possa gerar aglomeração causa preocupação".
— Ainda temos uma grande parcela da população que não se infectou e irá se arriscar a pegar o vírus — alerta.
Lessandra recomenda que pessoas que integram o grupo de risco não participem de eventos sociais, mesmo com a liberação. A especialista ainda considera que em determinados tipos de eventos, caso das festas infantis, é difícil manter alguns protocolos, como a necessidade de permanecer sentado o tempo inteiro ou o distanciamento mínimo de dois metros.
As exigências para a retomada
- Os eventos sociais poderão ter até cem pessoas simultaneamente e a lotação do local não pode exceder a 50% da capacidade máxima prevista no alvará de proteção e prevenção contra incêndio
- O público deverá ser exclusivamente sentado
- Distanciamento mínimo de dois metros entre os presentes
- Demarcação dos acessos com fluxo de entrada e saída
- Demarcação dos assentos disponíveis, sendo proibido o revezamento de assentos sem a devida higienização do mesmo
- Uso de máscara
- Consumo de alimentos e bebidas apenas nos assentos marcados de cada participante
- Verificação de sintomas e da temperatura dos participantes do evento. Também será necessário disponibilizar álcool em gel no local
- É vedado o funcionamento da pista de dança