O presidente Jair Bolsonaro considerou insuficiente o valor médio de R$ 247 mensais proposto pela equipe econômica para os beneficiários do programa Renda Brasil — ampliação do Bolsa Família e uma das principais apostas do governo na área social.
De acordo com fontes do Palácio do Planalto, a quantia a ser paga é "um dos vários aspectos" que serão reavaliados a pedido do presidente, que se reuniu na segunda-feira (24) com o ministro da Economia, Paulo Guedes.
O novo programa social do governo prevê três "atos" ao longo da sua implantação:
- Transferência de renda com o fim do auxílio emergencial de R$ 600 e transição para o Renda Brasil;
- Um novo programa de emprego, batizado de Carteira Verde Amarela, que promete baratear a contratação dos contemplados do programa e prevê um complemento de renda numa espécie de "imposto negativo";
- A desoneração da folha de salários (redução nos encargos que as empresas pagam sobre salários).
Para bancar o custo de R$ 52 bilhões do Renda Brasil, Guedes propõe a extinção de programas considerados ineficientes, como o abono salarial (benefício de um salário mínimo voltado para quem ganha até dois pisos), o seguro-defeso (pago a pescadores artesanais no período de reprodução dos peixes), salário-família (pago a trabalhadores formais e autônomos que contribuem para o INSS, de acordo com a quantidade de filhos) e Farmácia Popular.
Nesta terça-feira (25), o governo apresentou apenas o programa Casa Verde Amarela, uma reformulação do Minha Casa, Minha Vida, dentro do pacote Pró-Brasil, como um dos "projetos prioritários para a geração de empregos" e para a retomada da economia. Enquanto isso, o presidente e sua equipe ganham mais tempo para aperfeiçoar os outros projetos.
O pacote prevê, além do Renda Brasil, tirar "amarras" do orçamento e um Pró-Brasil enxuto em recursos públicos, mais focado em marcos regulatórios para atrair a iniciativa privada.
A decisão de fatiar os anúncios também permite maior visibilidade às medidas, já que o Planalto deve realizar uma série de eventos públicos considerados positivos para a imagem do presidente Bolsonaro. Empolgado com os efeitos do auxílio emergencial na sua popularidade, Bolsonaro vê no Renda Brasil uma oportunidade de viabilizar a reeleição.