O retorno do coronavírus a Pequim motivou autoridades chinesas a adotar medidas que poderão afetar as exportações brasileiras de carnes para a China: o país anunciou, nesta sexta-feira (19), o lançamento de uma campanha de inspeção de alimentos importados.
De acordo com especialistas, o vírus teria passado por uma mutação na Europa e chegado à China novamente no salmão. Por isso, os chineses estão acelerando a inspeção de alimentos frescos e de carnes congeladas. Com essas exigências, os importadores terão de fazer testes em amostras de carne no desembarque, o que torna incertas as importações.
Carne e verduras
Suspeita-se de que a origem das novas infecções esteja no mercado atacadista de Xinfadi, que fornece produtos frescos para a capital. Como medida de precaução, Pequim aconselhou seus moradores a jogarem fora todos os frutos do mar congelados e à base de soja comprados em Xinfadi. Entre as amostras que deram positivo no mercado, "muitas" eram desse tipo de alimento, disse um porta-voz da prefeitura.
Song Yueqian, responsável pela Administração Geral das Alfândegas, anunciou uma campanha para inspecionar os alimentos frescos conservados em baixas temperaturas e provenientes de "países de alto risco". Essa lista inclui frutos do mar congelados, carne e legumes: dos 15.638 testados até agora, todos deram negativo para o coronavírus.
Como medida de precaução, a China suspendeu as importações do produtor alemão de carne Tönnies, depois que um trabalhador deu positivo.
Não tocar no pescado nem na carne crua
— Nada mostra que o vírus seja transmitido por outras vias — além de gotículas de saliva, ou contato com pessoas infectadas, disse Feng Luzhao, especialista do Centro de Controle e Prevenção de Doenças.
Ainda assim, esse especialista aconselhou os habitantes a não tocarem diretamente no pescado, ou em carne crua. Outros cientistas alertam, no entanto, que conclusões precipitadas sobre a origem do vírus detectado atualmente em Pequim devem ser evitadas.
— É possível que o vírus que está causando uma epidemia em Pequim tenha viajado de Wuhan para a Europa e agora retornado à China — disse Ben Cowling, professor do Centro de Saúde Pública da Universidade de Hong Kong.
Para esse especialista, o fato de não ter identificado o primeiro caso novo torna muito difícil rastrear a origem do vírus. Até que as coisas fiquem mais claras, os importadores chineses estão solicitando um retardamento nos embarques de carne brasileiros, de acordo com comunicado da Embaixada do Brasil em Pequim.