Com controle de fluxo de clientes e seguindo protocolos sanitários estabelecidos pela prefeitura, quatro dos principais shoppings de Porto Alegre voltaram a abrir a maioria das suas lojas nesta sexta-feira (22). Praia de Belas, Barra ShoppingSul, Total e Iguatemi retomaram o comércio não-essencial após dois meses de proibição em razão do combate ao coronavírus, seguindo o novo decreto do Executivo municipal.
O movimento nas primeiras horas mostrou que havia clientes dispostos a irem às compras. No Iguatemi, às 11h já havia fila de consumidores esperando as portas abrirem, principalmente idosos — o estabelecimento adotou horários especiais para pessoas acima de 60 anos ou com doenças crônicas, entre as 11h30min e às 12h.
Todos tinham a temperatura corporal medida por sensores a infravermelho e eram exigidos a usar máscara para o ingresso. Além de adesivos no solo na área de ingresso, que recomendavam manter distância, havia um dispenser de álcool gel e portas distintas para entrada e saída, evitando esbarrões entre os frequentadores.
Maria Guaracilda Aguiar, 75 anos, era uma das primeiras da fila: tinha pressa para pagar o carnê em uma loja de calçados. Ao seu lado, com distanciamento recomendado, a servidora aposentada Jucélia Ramos, 66, queria conferir as promoções.
— Vamos ver se tem oferta, né, não dá pra gastar muito — ponderou.
No Shopping Total, o movimento era condizente a um dia de semana normal, com pouco fluxo pelos corredores. A maioria das lojas já havia aberto, mas algumas ainda finalizavam os preparativos. As primeiras visitas de clientes agradaram Viviane Mansano, proprietária do comércio de decoração Rosa Madeira.
— Vínhamos recebendo encomendas só pelas redes sociais, e com a volta da loja física já percebi um bom incremento nas vendas — disse Viviane.
João Niederauer, 60, e Marjane de Souza, 52, aproveitaram a farta oferta de produtos e serviços para resolver uma necessidade primordial para tempos de quarentena: comprar pijamas novos. Além de irem às compras, almoçaram no shopping e olharam vitrines.
— Estava complicado ficar em casa o tempo todo. Mas vou tentar ser rápido no passeio porque estou no grupo de risco — precavia-se João.
No Shopping Praia de Belas, o início da tarde também registrava baixo volume de compradores. Nas portas, uma funcionária com protetor facial, máscara, luvas e proteções corporais media a temperatura de quem entrava. Tapetes e fitas indicavam o caminho a ser seguido para higienizar o pé.
No entanto, consumidores demonstravam desconforto com situações em alguns dos shoppings. Parte dos estabelecimentos ainda impõe a necessidade de se apertar o botão para retirar o tíquete no estacionamento, um fator de contágio arriscado. Parte dos banheiros dos estabelecimentos também mantém as portas de acesso fechadas, com a necessidade de os clientes usarem o puxador para entrar e sair.
Com pouco movimento na praça de alimentação, o distanciamento em uma das áreas mais movimentadas dos shoppings ainda não foi colocada à prova. Não se sabe, por exemplo, até que ponto os shoppings conseguirão impedir que clientes agrupem cadeiras e mantenham distância das mesas ao lado.
— Resolvi vir ao shopping por extrema necessidade, precisava comprar uma coisa para a minha filha, que vai fazer aniversário, e comida para os peixes. Mas ainda não estou totalmente à vontade — afirmou a técnica em segurança do trabalho Vanessa Castro, 40 anos.
Ela admite que passou pela cabeça fazer um lanche na praça de alimentação, mas logo descartou a ideia por receio de contaminação.
— Estamos vendo que os shoppings estão se esforçando para deixar o ambiente higienizado, mas nem todos clientes talvez sigam as recomendações de segurança — afirma.
Como norma geral das restrições determinadas pela prefeitura, a lotação dos shoppings não poderá exceder 50% do previsto no Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI). Em nenhuma das lojas nos quatro estabelecimentos há possibilidade de uso dos provadores ou degustação de alimentos por parte dos clientes.
Máscaras para circulação são exigidas em todas as dependências, e os frequentadores terão a temperatura medida nas porta de entrada, podendo ser barrados caso seja constatada febre. São formas costuradas entre prefeitura e comércio para tentar evitar que a liberação total das vendas não cause um aumento exponencial da transmissão da doença.
Colaborou: Eduardo Paganella