Embora tenham a possibilidade de retomar o atendimento presencial, proprietários de restaurantes localizados em municípios gaúchos classificados pelas bandeiras amarela e laranja estão divididos. Parte dos empresários decidiu regressar às atividades mesmo com sua capacidade reduzida, enquanto outra entendeu ser menos prejudicial manter suas portas fechadas.
Nesta semana, 19 das 20 regiões definidas pelo governo do Rio Grande do Sul no modelo de distanciamento controlado por causa da pandemia de coronavírus se encontram na bandeiras amarela e laranja. Nas cidades que integram essas áreas, a reabertura de restaurantes e lancherias para atendimento presencial está liberada, desde que o município não tenha determinado medidas mais restritivas do que o Estado – nesses casos, as prefeituras têm autonomia.
Os empreendimentos, contudo, precisam cumprir série de regras que acaba inviabilizando o funcionamento de alguns. Entre as normas, estão a diminuição do número de funcionários e da sua capacidade de atendimento pela metade, além da distância mínima de dois metros entre as mesas.
Em Porto Alegre, restaurantes seguem operando apenas nas modalidades de telentrega e busque e pague, seguindo decreto da prefeitura. Já na vizinha Canoas, o atendimento presencial já havia sido permitido pelo município. Agora, empresários que reabriram buscam compreender o regulamento estadual para se adaptar.
— O Estado tem um decreto, Canoas tem outro. Estamos num mato sem cachorro, ninguém sabe que rumo tomar — diz o gerente da Pizzaria e Churrascaria Jardim do Lago, Cezar Luiz Mazocco.
Localizado no bairro Marechal Rondon, o restaurante reabriu aos clientes na última quinta-feira (7). Retomou seu tradicional bufê acompanhado de grelhados no horário do almoço, mas teve de encerrá-lo nesta semana por causa do decreto estadual, que proíbe esse tipo de operação.
Os proprietários reduziram a capacidade de 550 lugares para 200 em seus dois amplos salões, intercalando as mesas, e adotaram o uso obrigatório de máscara para todos os funcionários. Apesar dos cuidados, poucos clientes têm aparecido – nos últimos dias, a média ficou em 50 almoços. Ao meio-dia desta terça-feira (12), apenas dois homens comiam no local.
É esse receio de parco público que tem mantido fechada a Galeteria Piatto Bello, também em Canoas. Os donos optaram por seguir somente com o sistema de busque e pague ao avaliarem que o consumo retraído seria insuficiente para pagar seus gastos.
— A população ainda está com medo, e tememos não conseguir atender o número de pessoas suficiente para cobrir nossos custos. Estamos tendo cautela, conhecemos alguns donos que reabriram e depois suspenderam porque o total de clientes não estava compensando. Teríamos de atender ao menos 60 no almoço e 60 no jantar para compensar, mas acredito que isso não acontecerá tão cedo — conta Jackson Sbardelotto, responsável pelo marketing da galeteria.
Inseguros para a retomada
A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Estado (Abrasel-RS) reconhece que os empresários estão inseguros para a retomada. Segundo a presidente da entidade, Maria Fernanda Tartoni, muitos calculam que, se tiverem faturamento abaixo de 30% do usual no regresso, é mais vantajoso permanecer sem receber a clientela.
— Tem o empresário que acha que tem de abrir porque os clientes aos poucos irão voltar e o que pensa que tem de aguardar para ver o que acontecerá. Está bem dividido — afirma Maria Fernanda. — Os estabelecimentos fechados estão com custos reduzidos, contratos de trabalho suspensos e aluguéis em negociação. É preciso fazer o tema de casa e analisar o que vale mais a pena.
Feita no final de abril, uma pesquisa da Abrasel-RS apontou que 62% dos restaurantes demitiram funcionários e quase 80% implantaram redução de carga horária e salário – 102 estabelecimentos gaúchos, a maioria na Capital, responderam ao levantamento.
Um misto de minimercado com padaria, a Fomeria, no centro de Canoas, conseguiu preservar os empregos e os salários de seus 12 funcionários ao apostar nas entregas por aplicativos e no busque e pague. Mas o empreendimento teve de fazer ajustes, reduzindo horário de atendimento e eliminando mesas para consumo interno – que passaram a ser usadas como suportes para a venda de frutas e legumes.
— Tentamos operar num grau de conforto e segurança para clientes e funcionários. Mas não é nada fácil — admite um dos sócios, Anderson Bassani.
Restaurantes na bandeira laranja
Permitido
Telentrega
Pegue e leve
Presencial com restrições (à la carte e prato feito)
Proibido
Bufê
Principais regras para atendimento presencial
- Reduzir em 50% o número de funcionários em atendimento, adotando o sistema de revezamento entre eles
- Higienizar superfícies, pisos, paredes e banheiros periodicamente, durante o atendimento e antes do início das atividades, com álcool 70% ou desinfetante
- Disponibilizar álcool gel para clientes e funcionários
- Manter ao menos uma janela aberta e a limpeza em dia dos sistemas de ar condicionado
- Limitar o número de clientes dentro do estabelecimento à metade da capacidade
- Estabelecer o uso de máscara para todos os funcionários durante o atendimento
- Manter distância mínima de dois metros entre funcionários
- Delimitar a distância mínima de dois metros entre as mesas e em eventuais filas
- Exigir que trabalhadores higienizem as mãos antes e depois de cada atendimento
- Higienizar com álcool 70% ou desinfetante as máquinas de pagamento com cartão e os caixas eletrônicos
- Instalar cartazes informativos sobre higiene das mãos, uso de máscara e distanciamento mínimo entre as pessoas
- Recomendar que trabalhadores não retornem as suas casas com uniforme
Restaurantes na bandeira amarela
- Mesmas regras da bandeira laranja. A única diferença é que não é preciso reduzir em 50% o número de funcionários em atendimento, mas em 25%