Os países mais pobres do mundo não terão de se preocupar com pagamentos de dívidas a credores oficiais do G20 por pelo menos um ano, afirmou o ministro saudita das Finanças, Mohammed al-Jadaan, nesta quarta-feira (15). O acordo surgiu após uma reunião virtual entre os ministros das finanças do G20 e os diretores dos bancos centrais e foi "aprovado pelo Clube de Paris" de grandes credores.
— Todos os credores bilaterais oficiais participarão dessa iniciativa — afirmou o G20, que pediu aos credores privados que se unam ao esforço.
Na terça-feira (14), as potências industriais do G7 se mostraram a favor de uma suspensão temporária do pagamento da dívida das nações mais pobres do mundo, sujeita ao acordo do G20, para apoiar a luta contra o coronavírus.
A iniciativa "fornecerá cerca de US$ 20 bilhões em liquidez imediata" para os países pobres usarem para seu sistema de saúde e apoiarem as pessoas que sofrem de covid-19, afirmou o ministro saudita em entrevista coletiva virtual.
— Temos um compromisso claro, por intermédio de organizações internacionais como o FMI e o Banco Mundial. Essa suspensão é um anúncio realmente importante que significa que os países pobres não devem se preocupar com seus vencimentos nos próximos 12 meses — ressaltou.
A suspensão entra em vigor "imediatamente", acrescentou.
A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, agradeceu aos sauditas por sua liderança no G20 e por seus "esforços notáveis para proteger as pessoas e a economia". A Arábia Saudita ocupa a presidência rotativa do grupo.
O presidente do Banco Mundial, David Malpass, saudou o gesto e instou os credores comerciais a agirem da mesma maneira.
— Os credores comerciais deverão fornecer tratamento comparável. Já os países beneficiários se comprometerão a usar os recursos adicionais para responder à covid-19 — disse Malpass.
A Alemanha elogiou o acordo como "um gesto de solidariedade internacional de dimensões históricas".
— Desta maneira, deixamos para os países afetados uma grande margem de manobra financeira para investir na proteção da saúde de suas populações, imediatamente — afirmou hoje o ministro alemão das Finanças, Olaf Scholz.
— Estamos determinados a não poupar esforços para proteger vidas humanas — declarou Al-Jadaan.
O ministro saudita afirmou ainda que, neste período de pandemia, é necessário sustentar a economia mundial o máximo possível e garantir a resiliência do sistema financeiro.
Muitos governos criaram planos de ajuda econômica em massa a empresas e indivíduos, envolvendo bilhões de dólares, para mitigar o impacto do coronavírus, que paralisou a economia mundial.