Em uma tentativa de disparar na sociedade a discussão sobre a necessidade de aprovação de reformas econômicas, o ministro da Economia Paulo Guedes convocou uma reunião para esta terça-feira (3) com a presença de representantes de movimentos civis.
Entre os participantes confirmados, há membros do Vem pra Rua, Movimento Brasil Livre (MBL) e Organização Nacional dos Movimentos -grupos considerados apoiadores da política econômica de Jair Bolsonaro. Movimentos de esquerda, críticos às propostas de Guedes, não foram chamados.
O encontro ocorre duas semanas antes da data agendada para as manifestações em apoio a Bolsonaro. Embora parte dos convidados por Guedes apoie o movimento, auxiliares do ministro afirmam que não há conexão desses atos com a reunião.
Com a formatação da primeira etapa da reforma tributária praticamente pronta, o ministro que apresentar os principais argumentos do governo em defesa da reestruturação do sistema e as linhas gerais da proposta do Executivo. Técnicos responsáveis pela elaboração da medida também estarão no encontro.
No meio de fevereiro, o ministro afirmou que apresentaria, em duas semanas, uma proposta de reforma tributária que unifica tributos e permite a participação dos Estados. Esse prazo venceu e, diante do vai e vem recente das propostas do Executivo, membros da pasta agora evitam cravar uma data para a apresentação do texto.
A primeira etapa da reforma vai trazer a unificação de PIS e Cofins, com a criação do chamado IVA (Imposto sobre Valor Agregado) Dual — que abrange tributos federais, mas permite a adesão de Estados. Outras alterações, como a reestruturação do Imposto de Renda, devem ficar para um segundo momento.
Embora defenda uma reforma neutra, que não amplie nem reduza a arrecadação de impostos, o governo reconhece que setores hoje beneficiados por incentivos devem passar a pagar mais após a mudança nas regras.
Essa característica cria um cenário diferente do observado no ano passado na reforma da Previdência. Enquanto o ajuste de regra das aposentadorias atingia mais diretamente as pessoas, a reforma tributária tem resistência mais clara de setores da economia e alas do empresariado que já atuam contra as propostas e pressionam por benefícios.
Por isso, o ministro busca apoio da população, que poderia pressionar pela votação das novas regras no Congresso.