A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, afirmou nesta sexta-feira (27) que a pandemia de coronavírus levou a economia mundial a uma recessão, e fundos maciços serão necessários para ajudar os países em desenvolvimento. As declarações foram dadas durante uma entrevista coletiva virtual.
— Está claro que entramos em uma recessão — afirmou, acrescentando que ela será pior do que em 2009 após a crise financeira global.
— Nossa estimativa atual para as necessidades financeiras gerais dos mercados emergentes é de US$ 2,5 trilhões — disse, alertando que a projeção "está no nível mais baixo".
Os governos dos mercados emergentes, que sofreram uma fuga de capital de mais de US$ 83 bilhões nas últimas semanas, podem atender muitas dessas necessidades, mas claramente não terão recursos suficientes, principalmente porque muitos estavam endividados antes do crise. Mais de 80 países já solicitaram ajuda de emergência do FMI, a maioria deles de baixa renda, disse Georgieva.
— Sabemos que suas próprias reservas e recursos internos não serão suficientes — disse, afirmando que o FMI pretende fortalecer sua resposta "para fazer mais, fazer melhor, fazer isso mais rápido do que nunca".
Georgieva conversou com jornalistas após uma reunião virtual com o comitê diretor do FMI, com sede em Washington, no qual ela pediu oficialmente um aumento nos instrumentos de emergência de rápida implantação do Fundo, que atualmente estão no nível de US$ 50 bilhões.
A diretora-gerente do FMI saudou o pacote de cerca de US$ 2 trilhões de estímulo econômico dos Estados Unidos, aprovado pelo Senado e que nesta sexta-feira discute a Câmara dos Deputados. O presidente americano, Donald Trump, deve então promulgá-lo para que entre em vigor.
— É absolutamente necessário proteger a maior economia do mundo de uma queda acentuada nas atividades econômicas — avaliou.
O novo coronavírus causou pelo menos 24.663 mortes em todo o mundo desde que apareceu em dezembro, de acordo com um balanço estabelecido pela AFP com base em fontes oficiais, nesta sexta-feira. Desde o início da epidemia, mais de 539.360 casos de contágio foram registrados em 183 países ou territórios.
O número de casos diagnosticados positivos, no entanto, reflete apenas uma parte do número total de infecções devido às políticas díspares dos países para diagnosticar os casos.
A América Latina, em particular, registrou mais de 10 mil casos confirmados da covid-19 nesta sexta-feira, de acordo com um balanço da AFP elaborado com informações de autoridades nacionais e da Organização Mundial da Saúde (OMS). Os contágios somam 10.435 e os mortos 223 na região.