BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, decidiu criar uma secretaria especial sob seu guarda-chuva para abrigar o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI).
O comando do programa permanecerá com Martha Seillier. Ela era um dos três passageiros que usaram um voo exclusivo da FAB (Força Aérea Brasileira) de Brasília para a Suíça e de lá para a Índia.
O episódio levou à queda de Vicente Santini do cargo de secretário-executivo da Casa Civil. Como ministro interino, ele requisitou o voo. Conforme revelou o Painel, no retorno ao Brasil, a aeronave fez uma parada de 18 horas na cidade de Palermo, na ilha italiana de Sicília.
A decisão de criar uma secretaria especial do PPI na Economia foi anunciada depois que o presidente Jair Bolsonaro, ao anunciar a saída de Santini, retirou o o programa do controle da Casa Civil, esvaziando a pasta do ministro Onyx Lorenzoni.
O anúncio de Guedes contrariou expectativas criadas sobre o comando do programa.
Membros do governo especulavam que Martha poderia ser exonerada do cargo, a exemplo do que ocorreu com Santini, em razão de ter viajado no voo da FAB.
Santini foi punido pelo presidente Bolsonaro, que considerou inadmissível o uso da aeronave. Ele teve sua saída da secretaria-executiva anunciada por Bolsonaro na terça (28). Um dia depois foi nomeado para outra função na Casa Civil, com um salário apenas R$ 300 menor. A repercussão negativa levou a novo recuo de Bolsonaro em menos de 12h, confirmando então sua saída.
Procurado, o Ministério da Economia informou que não vai se manifestar.
A medida de dar status de secretaria especial ao PPI dá força simbólica ao programa, que passa a ser uma supersecretaria dentro da pasta, ao lado das secretarias especiais de Fazenda, de Previdência e Trabalho e de Comércio Exterior, por exemplo. A pasta agora passa a ter oito secretarias especiais.
Nas conversas dos últimos dias, havia sido aventada a possibilidade de desmembramento do PPI, fazendo com que o programa ficasse subordinado a outras secretarias especiais.
Outra ideia era a de que o secretário especial Salim Mattar (Desestatização, Desinvestimento e Mercados) recebesse as novas atribuições, já que cuida das vendas de ativos do governo.
Com a mudança, Martha Siller será colocada em hierarquia equivalente à de Mattar. A proposta, porém, é de que eles trabalhem em conjunto.
A diretriz dada pelo ministro Paulo Guedes é maximizar esforços conjuntamente com a Secretaria de Desestatização, Desinvestimentos e Mercados para acelerar o programa de privatização de empresas estatais, informou o Ministério da Economia nesta segunda-feira (3).
O PPI foi criado em 2016, durante o governo Michel Temer, como um órgão voltado para coordenar a estruturação de projetos de infraestrutura e de privatização dos diversos ministérios. Esse programa era à época vinculado à Secretaria de Governo, ligado à Presidência da República.
O governo Bolsonaro manteve a estrutura do programa, mas transferiu à guarida da Casa Civil, também ligado à Presidência, e de responsabilidade de Lorenzoni.
O enfraquecimento do ministro teria sido o motivo que faltava para o governo alterar a estrutura do PPI, deixando o órgão sob responsabilidade de uma pasta que, na avaliação do governo, vem dando respostas.