O lucro líquido recorrente (que desconsidera receitas e despesas extraordinárias) da Caixa Econômica Federal atingiu R$ 14,7 bilhões em 2019, um aumento de 20,6% em relação ao ano anterior. No quarto trimestre, o lucro recorrente alcançou R$ 3 bilhões.
Já lucro contábil dobrou entre 2018 e 2019, para R$ 21,1 bilhões. Segundo o banco público, o resultado considera uma venda de R$ 6,9 bilhões de títulos públicos federais com a rentabilidade atrelada à inflação (os chamados NTN-Bs), no terceiro trimestre.
O dinheiro foi parar no pagamento de parte do Instrumento Híbrido de Capital e Dívida (IHCD), instrumento usado pelo governo entre os anos de 2007 e 2013 para capitalizar o banco público.
No final de dezembro do ano passado, o Tesouro Nacional também havia dado o aval para que o banco devolvesse outros R$ 8,350 bilhões ao governo — e quitasse, assim, o segundo contrato com a União.
Em 2019, a Caixa pagou R$ 11,4 bilhões para o governo — incluindo os R$ 3 bilhões pagos em junho. Antes dos pagamentos, a dívida total do banco era de R$ 40 bilhões.
Volume devolvido ao governo deve aumentar
Para este ano, o presidente do banco, Pedro Guimarães, sinalizou que quer aumentar o volume devolvido ao governo. Além de usar os recursos levantados com a venda de ativos, também se usará o dinheiro que pretende adquirir com a abertura de capital das subsidiárias da Caixa — que incluem as operações de cartões, seguros, loterias e gestão de recursos.
Ao passo em que o banco se prepara para fazer o IPO (oferta pública de ações) da Caixa Seguridade e Cartões, também sinaliza que quer manter seu posicionamento no crédito imobiliário, carro chefe de suas operações. No entanto, o crescimento da linha de financiamento da casa própria em 2019 foi de 4,6%, percentual abaixo do avanço mostrado pelos seus pares privados, todos com avanços superiores a 7% na modalidade.
A carteira de crédito ampla do banco ficou praticamente estável no período, apresentando recuo de 0,1%, para R$ 693,7 bilhões, também na contramão dos demais grandes bancos do país. O resultado foi puxado pela retração de 30,2% na carteira de crédito para empresas. Guimarães havia afirmado que a retração ocorreria, uma vez que o banco planejava diminuir os recursos cedidos às grandes empresas.
A carteira para pessoas físicas também ficou praticamente estável, em R$ 81,9 bilhões, enquanto as concessões para infraestrutura registraram queda de 0,3% no período, para R$ 84 bilhões. A inadimplência do banco acima de 90 dias ficou em 2,17%.
Despesas administrativas aumentam 2,1%
No ano, as despesas administrativas da Caixa atingiram R$ 33,1 bilhões, evolução de 2,1% no período. Já as despesas de pessoal, especificamente, subiram 5,4%. A alta reflete em parte o aumento dos gastos com demissões -nos últimos dois anos, a Caixa abriu quatro programas de demissão voluntária (PDVs).
A margem financeira do banco — principal receita da instituição, com operações de crédito —, por sua vez, subiu 13,5% em 2019, para R$ 57,9 bilhões. As receitas com prestações de serviços ficaram estáveis em R$ 27 bilhões e a provisão para devedores duvidosos (PDD) do banco caiu 27,9%, para R$ 10,8 bilhões.