É em meio ao cenário dos Alpes Suíços que o ministro da Economia, Paulo Guedes, busca despertar a atenção de investidores estrangeiros e lideranças políticas nesta semana. Na segunda-feira (20), na cidade de Davos, Guedes participaria da abertura da 50ª edição do Fórum Econômico Mundial, que se estende até sexta-feira.
Para tentar atrair holofotes ao Brasil durante o encontro, o ministro deve destacar em painéis a agenda de reformas do governo Jair Bolsonaro, além da promessa do Palácio do Planalto de facilitar o ambiente de negócios verde-amarelo.
Pelo fato de reunir grandes investidores, o fórum é conhecido informalmente como a "cúpula do capitalismo". Ao contrário do que ocorreu em 2019, Bolsonaro não participará neste ano. A ausência do presidente transferiu a Guedes o status de principal nome da comitiva brasileira.
— O fórum é uma oportunidade para mostrar ao mundo a agenda de reformas e as medidas em discussão para simplificar o ambiente de negócios no Brasil. No ano passado, a participação de Bolsonaro foi pífia, sem integrar grandes reuniões. A expectativa é de que Guedes possa explicar melhor os assuntos — avalia o consultor Welber Barral, que foi secretário de Comércio Exterior do Brasil entre 2007 e 2011.
Uma das principais marcas da 50ª edição do evento é o debate sobre ameaças ao ambiente. Em 2019, Bolsonaro foi alvo de críticas internacionais na área em razão de episódios como as queimadas na Amazônia. Para analisar o tema, a organização do fórum confirmou a presença da ativista Greta Thunberg, 17 anos. Líder de protestos contra o aquecimento global, a jovem sueca teve a postura criticada por Bolsonaro em dezembro. Na ocasião, o presidente brasileiro chamou a garota de "pirralha", um dia antes de ela ser eleita personalidade do ano pela revista Time, nos Estados Unidos.
— O ambiente é um dos temas em pauta. A imagem do Brasil nessa área ficou muito arranhada. Espera-se que Guedes fale em medidas de proteção ao ambiente — aponta Barral.
Economista-chefe da corretora Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack entende que a presença de Guedes em Davos ganha importância diante da promessa do governo Bolsonaro de realizar concessões à iniciativa privada. Em 2019, o desembarque de investidores estrangeiros no Brasil não empolgou em casos como o megaleilão do pré-sal, que terminou sem grande participação internacional e domínio da Petrobras. Ainda assim, o aporte de recursos externos no país cresceu 26% no ano passado, segundo a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD).
— Guedes deve mencionar questões como as mudanças na Previdência, a agenda de privatizações e a MP (medida provisória) da Liberdade Econômica — comenta Camila.
Famosos
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, estão entre os líderes políticos confirmados no fórum. Além de Guedes e comitiva, outros brasileiros vão ao evento, como o apresentador de TV Luciano Huck e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Ambos são potenciais concorrentes de Bolsonaro nas eleições de 2022.
Nesta segunda, o Fundo Monetário Internacional (FMI) atualizou projeções de crescimento da economia brasileira. Segundo a instituição, o Produto Interno Bruto (PIB) do país tende a acelerar o desempenho. Para 2020, a alta esperada é de 2,2%. O FMI elevou em 0,2 ponto percentual a previsão anterior, de outubro.
Para que o cenário otimista se confirme, o governo Bolsonaro aposta na continuidade da agenda de reformas — entre elas, a tributária e a administrativa. Na visão do Planalto, o avanço dos projetos deve atrair mais investimentos ao Brasil, justamente o que Guedes busca em Davos.