Marcelo Odebrecht tornou-se alvo de uma investigação interna da Odebrecht que tem o objetivo de averiguar eventuais irregularidades cometidas por ele. A apuração foi pedida pelo conselho de administração do grupo, por meio do comitê de conformidade do conglomerado, e também vai apurar eventuais irregularidades de executivos e ex-funcionários do grupo. As informações são do Estadão.
O caso acontece em meio à briga que Marcelo trava com o pai, Emílio Odebrecht, e os atuais executivos pelo comando do grupo. Conforme o Estadão, os resultados da investigação, aberta nos últimos dias e conduzida pelo escritório Veirano Advogados, devem ser conhecidos em até dois meses e serão entregues ao Ministério Público Federal (MPF) e ao Departamento de Justiça (DOJ) dos Estados Unidos, onde Marcelo firmou acordo de delação premiada.
Uma das bases da investigação é um documento secreto, assinado pela Odebrecht e Marcelo, em que as partes se obrigam a manter em sigilo por 20 anos. Nesse documento, ao qual o Estadão teve acesso, Marcelo exigiu, como contrapartida, o recebimento de R$ 143 milhões – além do pagamento da multa de indenização, que foi de R$ 73,4 milhões. Do total de R$ 216,4 milhões, cerca de R$ 70 milhões foram pagos por meio de um título de previdência (VGBL). Marcelo não teria revelado o título de previdência às autoridades, segundo apurou o Estadão, o que configura uma violação da delação, uma vez que houve a transferência de recursos para familiares, condição também aceita pela Odebrecht.
Outra linha investigatória seria a formação de um "poder paralelo" de executivos em várias empresas do grupo Odebrecht, atuando em funções duplas para municiar Marcelo com informações sobre o conglomerado.
Procurado pelo Estadão, Marcelo Odebrecht afirmou, por meio de sua assessoria, que "esta é mais uma atitude rancorosa e vingativa por parte de Ruy Sampaio (presidente executivo do grupo desde segunda-feira) em retaliação à petição que recém-protocolei na PGR sobre o Refis da Crise e atos de obstrução à Justiça. Posso assegurar que, de minha parte, não existe nenhuma ilegalidade a ser ainda comunicada às autoridades".