O empresário Marcelo Odebrecht, 51 anos, foi demitido da Odebrecht S.A por justa causa nesta sexta-feira (20). A ordem para a demissão partiu de seu próprio pai, Emílio.
Marcelo era contratado no regime CLT e recebia salário de R$ 115 mil. Desde que foi preso, em 2015, no entanto, ele havia sido afastado, mas teve a remuneração mensal mantida.
O empresário recebeu uma correspondência onde a empresa alega os motivos para a demissão por justa causa. "Foi constatado que o senhor vem afirmando publicamente a existência de infundadas irregularidades praticadas pela Odebrecht e por superiores hierárquicos, o que caracteriza mau procedimento, ante a inequívoca quebra da confiança necessária à relação de emprego, além de atos que lesam à honra e a boa fama da Odebrecht S.A e de superiores hierárquicos", diz um trecho do comunicado da empresa.
Na quinta-feira (19), o jornal Folha de S.Paulo revelou mensagens que traziam discussões e queixas que o empresário vinha fazendo internamente desde que deixou a prisão, em dezembro de 2017, mas que estavam restritas a um grupo pequeno.
Foram alvos da críticas o seu pai, Emílio Odebrecht, o seu cunhado, Maurício Ferro, que já atuou como diretor jurídico do grupo e é casado com Mônica Odebrecht, bem como Ruy Lemos Sampaio, executivo que assumiu na última segunda-feira (16) o posto de diretor-presidente da holding.
De acordo com as mensagens, Marcelo construiu uma tese sobre os motivos que levaram a Odebrecht à atual situação. A companhia passa por uma das maiores recuperações judiciais da história do país, com dívidas que chegam a R$ 98,5 bilhões.
Procurado pela reportagem, o empresário afirmou que "esta é apenas a demonstração inequívoca de mais um ato de abuso de poder do atual presidente da Odebrecht S.A. que, na tentativa de paralisar a apuração pelo Compliance de fatos que lhe atingem e que deveriam estar protegidos por sigilo, retalia o denunciante como forma de intimidá-lo".
Com a demissão desta sexta, Marcelo perde motorista, segurança, secretária, assessor de imprensa e advogado, que eram pagos pela empresa. O empresário mantém a sua condição de sócio minoritário, com 2,79% da Odebrecht.
Mas o diretor-presidente do grupo, Ruy Sampaio, informou nesta tarde aos líderes de negócios da empresa que todos os contatos de Marcelo a partir de hoje terão que ser feitos no âmbito dos acionistas, via Kieppe, a holding familiar controladora do grupo.