O dólar fechou nesta segunda-feira (25) na maior cotação nominal desde o início do Plano Real, em julho de 1994, somando R$ 4,2150, alta de 0,5% em relação à última sexta-feira. O pico do dia foi registrado às 13h49min, quando a moeda atingiu R$ 4,2185, mas houve leve queda durante a tarde.
Essa cotação não considera os índices de inflação do período, no Brasil ou nos Estados Unidos. Corrigida pela inflação, a maior cotação ocorreu em 22 de outubro de 2002, quando o dólar atingiu R$ 3,95 – o valor atualizado seria de R$ 7,577.
Já o Ibovespa, o índice da bolsa de valores B3, de São Paulo, teve leve queda (-0,21%), mas não baixou dos 108 mil pontos durante todo o dia. No exterior, o viés foi positivo para as principais Bolsas globais.
Nesta segunda (23), o Global Times, tabloide comandado pelo oficial People's Daily, do Partido Comunista chinês, afirmou que China e Estados Unidos estão muito próximos da "fase um" de um acordo comercial. O veículo acrescentou que a China também permanece comprometida em continuar as negociações para a fase dois e mesmo a fase três de um acordo com os EUA, citando especialistas próximos do governo chinês.
No entanto, o otimismo comercial foi ofuscado no Brasil pelo anúncio de déficit em transações correntes de US$ 7,9 bilhões (R$ 33,3 bilhões) em outubro, pior resultado para o mês desde 2014. Somando os últimos 12 meses, há um saldo negativo equivalente a 3% do Produto Interno Bruto (PIB). O dado veio pior que a expectativa de analistas consultados pela Reuters, de rombo de US$ 5,475 bilhões. No mês, os investimentos diretos no país somaram US$ 6,8 bilhões, também abaixo da projeção de analistas de US$ 7,5 bilhões.
BC não pretende intervir diretamente
Dentre emergentes, o real foi a terceira moeda que mais se desvalorizou na sessão, atrás apenas da lira turca e do florim húngaro.
Mesmo com o dólar em torno de recordes históricos, o Banco Central não pretende intervir diretamente no câmbio. Nesta segunda, a autoridade monetária vendeu todos os 15.700 contratos de swap cambial tradicional em rolagem do vencimento de janeiro de 2020, mas não aceitou propostas em leilão de dólar à vista e de swap cambial reverso.
A autarquia ainda fez a rolagem integral de US$ 1,5 bilhão em linha de moeda com compromisso de recompra, volume que até então precisaria voltar ao BC no começo de dezembro. Fora o déficit em transações correntes, a balança comercial brasileira caminha para fechar novembro no vermelho, o que não acontecia desde novembro de 2014, quando houve déficit de US$ 2,432 bilhões.
Até agora, novembro deste ano tem um saldo negativo de US$ 1,099 bilhão, conforme dados divulgados pelo Ministério da Economia nesta segunda.
Em nota, o Ministério informou que no acumulado do mês de novembro, as exportações caíram 38,4% sobre igual etapa do ano passado, com recuo de dois dígitos em todas as categorias. Já as importações sofreram uma redução de 14,8% sobre o mesmo período do ano passado.
Na ponta das exportações, o Brasil tem visto um resultado mais fraco em meio à desaceleração do crescimento global, a um cenário de tensões comerciais entre China e Estados Unidos e à crise econômica na Argentina.
Também nesta segunda, o boletim Focus do Banco Central apontou que o mercado prevê uma inflação maior este ano. Em relação ao boletim da semana passada, o IPCA foi de 3,33% para 3,46%. Analistas do mercado creditam a mudança à alta do dólar. Segundo o Focus, 2019 deve acabar com o dólar a R$ 4,10, contra os R$ 4 previstos na semana anterior, antes da cotação ultrapassar os R$ 4,20.