É daquelas situações que intrigam quem gosta de numerologia e teorias conspiratórias:
às 16h20min desta segunda-feira (18) – ou 4h20min da tarde –, o dólar comercial atingiu
a marca de R$ 4,203 (veja imagem abaixo). A alta no dia foi de apenas 0,3%, mas suficiente para a moeda americana atingir um novo recorde nominal (que desconsidera a inflação), de R$4, 206 no fechamento. Na quarta-feira passada (13), a continuidade e o aprofundamento dos conflitos na América do Sul influenciaram o encerramento em R$ 4,187.
A moeda americana vêm sendo pressionada desde o fracasso dos dois leilões do pré-sal. A expectativa era de haveria forte entrada de moeda estrangeira no Brasil, o que acabou não acontecendo, porque as ofertas só foram feitas pela Petrobras, com pequena participação de sócios chineses. Na quarta-feira (6), data do megaleilão da cessão onerosa, o dólar comercial havia fechado a R$ 4,08. A tensão na América do Sul e nova decepção com a possibilidade de trégua na guerra comercial entre Estados Unidos e China pressionaram o câmbio.
A saída de dólares do Brasil registrada até 8 de novembro deste ano já ultrapassou a ocorrida em 1999. Há uma década, a moeda brasileira havia testado cotações perto de US$ 1 logo depois do lançamento do programa que a criou, o Plano Real, mas o mecanismo naufragou
e houve forte desvalorização no início do ano, seguida da adoção do regime de câmbio flutuante, que existe até hoje.
Em outubro, o fluxo ficou negativo em US$ 8,49 bilhões, elevando o déficit no ano a US$ 21,46 bilhões. Esse número já é maior que os US$ 16,18 bilhões registrados em 1999, até então o pior ano da série histórica do Banco Central, iniciada em 1982. E a expectativa é que o saldo negativo cresça ainda mais, uma vez que os últimos meses do ano costumam ter mais saída mais intensas por remessa de lucros e ajuste em negócios de multinacionais.