SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Para que as empresas tenham um bom desempenho em um ambiente de inovação constante, como o que demanda o mercado atual, é essencial que os funcionários trabalhem com uma mentalidade voltada para a disrupção. Atrair talentos com essa capacidade, no entanto, é um desafio para as companhias brasileiras.
O contato com a universidade é um dos principais meios para conseguir esses talentos, segundo Bernardo Gallina, vice-presidente da Whirlpool, empresa que é dona de marcas como Consul e Brastemp no Brasil.
Formamos muitos bacharéis em direito e pouquíssimos especialistas em tecnologia da informação, por exemplo. Hoje, já falta gente para algumas funções, disse Gallina durante a terceira edição do seminário Inovação no Brasil, realizado pelo jornal Folha de S.Paulo, na capital paulista, nesta quarta-feira (28).
O evento contou com o apoio da Secretaria de Transportes Metropolitanos do estado de São Paulo, do governo do estado do Ceará e do Instituto Coca-Cola.
Devido à crise brasileira não sentimos ainda tão forte esse impacto. Mas com o fim da recessão, o volume de produção e o nível de inovação devem aumentar e, assim, vai faltar mão de obra especializada, completou.
As mudanças na dinâmica do mercado de trabalho também afetaram a captação desses talentos. De acordo com Gallina, muitos desses trabalhadores não querem mais ter emprego fixo em uma empresa. A saída veio na forma de parcerias temporárias, focadas em projetos para resolver problemas pontuais.
Outras empresas, como a Coca-Cola Brasil, procuram parcerias com empresas e startups que tenham atuação nas áreas em que precisam de reforço. Buscamos atuar com quem já é referência dentro daquele ambiente, afirmou Rodrigo Brito, gerente de acesso à água do Instituto Coca-Cola Brasil. A empresa também conta com uma incubadora própria para turbinar novas ideias de negócio.
No setor público, os desafios para reter talentos são ainda maiores do que no setor privado, segundo Alexandre Baldy, secretário de Transportes Metropolitanos do estado de São Paulo.
A remuneração é, geralmente, pouco atrativa e os riscos são elevados. Os trabalhadores que decidem atuar nessa área se arriscam e lidam com situações adversas constantemente. Precisamos profissionalizar o setor público se quisermos atrair mais pessoas capacitadas, disse o secretário durante o painel.
O ambiente de inovação também demanda que a sustentabilidade esteja presente na atuação da empresa.
Se não incluímos a sustentabilidade na pauta produtiva nós ficamos para trás de nossos concorrentes e não atendemos às necessidades dos consumidores, que pedem isso, disse Gallina, da Whirpool.
Brito, da Coca-Cola Brasil, citou alguns exemplos da empresa na área da sustentabilidade que deixaram o negócio mais eficiente.
Em 2018, reduzimos em 25% a quantidade de açúcar em todas as nossas bebidas. Isso não foi uma dor para a empresa e nem foi para apenas seguir uma tendência. Nos beneficiamos porque economizamos o dinheiro gasto com o açúcar, afirmou.
Temos que trabalhar com diálogo para buscar soluções. Se temos muitos desafios, temos também muitas oportunidades. Temos que enxergar as luzes da inovação, concluiu Brito.