A Confederação Nacional da Indústria (CNI) reduziu pela metade sua previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano. No Informe Conjuntural relativo ao segundo trimestre do ano, divulgado nesta quinta-feira (25), os economistas da entidade sugerem que, "em um cenário sem mudanças mais substantivas na política econômica", a economia brasileira crescerá 0,9%.
Em abril, considerando os principais indicadores do primeiro trimestre, a CNI previa que a atividade econômica aumentaria 2% em 2019.
O PIB é um dos principais indicadores do potencial da economia nacional, representando a soma de todas as riquezas produzidas por um país, em um determinado período, seja na forma de bens, produtos ou serviços.
A confederação também revisou para baixo sua estimativa de crescimento da atividade industrial. Ao invés do 1,1% previsto no primeiro trimestre, a situação constatada no segundo trimestre sugere que o PIB industrial não deve se expandir além de 0,4%. Além disso, a indústria reduziu de 2,2% para 1,5% a previsão de crescimento do consumo das famílias e de 4,9% para 2,1% a estimativa para a expansão do investimento.
Em razão do que classifica como "o marasmo que dominou a economia" ao longo de todo o primeiro semestre, a confederação estima que a taxa de desemprego continuará elevada, atingindo a 12,1% da força de trabalho.
A taxa de desemprego, medida pela PNAD-Contínua Mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), recuou de 12,5% da força de trabalho para 12,3% na passagem de abril para maio. Apesar dessa ter sido a segunda queda consecutiva do indicador, a entidade considera que a lentidão com que o mercado de trabalho vem reagindo à crise é um "reflexo do baixo dinamismo da economia brasileira". Consequentemente, o crescimento do rendimento médio real e da massa salarial real desacelerou nos primeiros cinco meses do ano, na comparação com igual período do ano passado.
Em seu informe, a CNI diz que a economia brasileira precisa de estímulos para superar o atual quadro de estagnação. O texto defende que os poderes Executivo e Legislativo prossigam tocando a agenda de reformas, que a entidade considera fundamentais para permitir o crescimento a longo prazo. No entanto, a adoção de medidas para reativar a demanda a curto prazo não devem ser deixadas de lado, diz o comunicado.
Uma destas medidas de curto prazo é a liberação, para os trabalhadores que têm direito, do saque de parte dos recursos disponíveis em contas ativas e inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do PIS-Pasep. A medida foi anunciada na quarta-feira (24), no Palácio do Planalto, pelo presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes.
Na avaliação da CNI, o saque de até R$ 500 por conta pode impulsionar o consumo, mas não prescinde de ações estruturais que favoreçam a retomada do crescimento sustentado, tais como a conclusão da aprovação da reforma da Previdência, a reforma tributária, os avanços nas privatizações e o aperfeiçoamento dos marcos regulatórios.