Antes mesmo de o presidente Jair Bolsonaro (PSL) fazer críticas e ameaçar demitir o então presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), Joaquim Levy, a atuação do gestor no banco de fomento já vinha gerando irritação no ministro da Economia, Paulo Guedes.
Membros da área econômica afirmaram à reportagem da Folha de S. Paulo que Levy tinha dificuldade de atender algumas das principais determinações do governo na administração do banco. Neste domingo, após Bolsonaro afirmar estar "por aqui" com o executivo e dizer que ele estava "com a cabeça a prêmio", Levy pediu demissão do comando do banco.
Eram três as principais reclamações de Guedes, que também criaram atrito entre os secretários da pasta. A avaliação é de que Levy não deu andamento a uma criteriosa revisão das grandes operações feitas pelo BNDES nos últimos anos, principalmente as efetuadas durante a gestão petista.
Essa era uma das principais bandeiras de campanha de Bolsonaro e sua equipe. Segundo relatos, o ex-ministro da Fazenda de Dilma Rousseff (PT) também não empenhou velocidade suficiente na venda de ativos em poder do banco.
Um dos efeitos foi a resistência de Levy em devolver recursos do BNDES ao Tesouro no ritmo desejado pelo ministro da Economia. Guedes já disse que espera receber R$ 126 bilhões do BNDES neste ano, mas Levy não se comprometeu com a cifra. Os recursos são tratados como necessários para ajudar no ajuste fiscal do governo.
Presidente da Susep entre as possibilidades
O ministro da Economia indicou insatisfação com o trabalho de Levy à frente do BNDES em entrevista a Gerson Camarotti, do G1, neste sábado (15).
— O grande problema é que Levy não resolveu o passado nem encaminhou solução para o futuro — afirmou Guedes.
Entre os nomes cotados para a substituição no comando do BNDES estão os secretários especiais do ministério da Economia Carlos da Costa (Produtividade, Emprego e Competitividade) e Salim Mattar (Desestatização e Desinvestimento). A colunista de GaúchaZH Marta Sfredo também fala no nome de Gustavo Franco.
Nome de confiança de Guedes, a presidente da Superintendência de Seguros Privados (Susep), Solange Vieira, também está entre as possibilidades. Auxiliares do ministro acreditam ser mais difícil que algum ocupante de secretarias especiais da pasta assuma a função. O remanejamento geraria um trabalho duplo, já que um cargo importante do governo seria desocupado se isso fosse feito.
A interlocutores, Carlos da Costa, que já foi diretor do BNDES, tem argumentado que não teria o perfil para assumir o posto neste momento e que está focado nos projetos de investimento e produtividade do governo.
A avaliação na pasta é de que Salim Mattar se encaixaria bem na função, mas poderia resistir em aceitar o convide porque tem interesse em seguir tocando o plano de privatizações do governo federal.